sábado, 31 de maio de 2008

Ciência e Fé

Ciência e fé
Esta semana mais uma batalha da longa “guerra” entre ciência e religião parece ter chegado ao fim no Brasil. Com o voto do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), prevaleceu no Plenário do Supremo a autorização do uso de células-tronco embrionárias em pesquisas científicas, sem restrições. Marco Aurélio argumentou que a vida pressupõe não só a fecundação, mas a viabilidade, "e essa inexiste sem a presença do que se entende por gravidez, ou seja, gestação humana". Ele destacou que o texto legislativo traz restrições ao uso de embriões, considerando apenas o uso de embriões produzidos por fertilização in vitro, inviáveis, congelados há mais de três anos e com o consentimento dos pais, que forneceram o material. Na opinião do ministro, a função dos ministros, neste julgamento é "definir o destino dos óvulos fecundados, que fatalmente seriam destruídos e podem, devem ser utilizados sempre na tentativa inesgotável do progresso da humanidade". (Fonte: www.adital.com.br) Não é de hoje que ciência e religião se estranham. Mas até que ponto a ciência pode interferir no que cremos? Prateleira relembra hoje uma entrevista publicada há 9 anos: “A compreensão científica não anula a visão religiosa, nem esta elimina aquela” que fala um pouco dessa conturbada relação a partir da teoria da evolução (onde tudo começou ou piorou). Clique aqui para ler a entrevista na íntegra. Leia o livro • Ciência, Intolerância e Fé Leia o que Ultimato publicou sobre o assunto • Criação e evolução, ed. 261
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sexta-feira, 30 de maio de 2008

Encerramento da 57ª Semana Wesleyana

O último dia da 57ª Semana Wesleyana teve síntese crítica das palestras, culto com o Bispo João Alves e lançamento de CD histórico.


Publicada em www.metodista.org.br

Magali do Nascimento Cunha, professora da Fateo, fez uma avaliação das palestras da Semana, embasando seus comentários no pensamento de Richard Niebhur, teólogo americano que refletiu sobre a responsabilidade social das igrejas. “Minha liberdade tem que ter responsabilidade com o outro. Quando jogo o lixo na rua, contribuo com as enchentes que chegam às casas, porque os bueiros estão entupidos. Eu não vivo sozinha”, explicou a professora.
A palestrante também fez uma avaliação crítica a partir de algumas frases que foram ditas no decorrer da semana. Por exemplo: “Não é fácil convencer igrejas a se engajarem socialmente”; “Discurso bonito, mas práxis que não diz respeito a esse discurso”; “corremos o risco de vivermos nas igrejas, de vivermos o ensimesmamento (isolamento coletivo)”. As igrejas crescem e o cristianismo parece diminuir, reforçando suas divisões partidárias: progressistas versus conservadores; liberais versus consagrados; ecumênicos versus evangelicais, entre outros. Feita essa avaliação crítica da igreja, ela convocou a plenária a cantar a música Kyrie Eleison (Piedade de nós). Após o cântico congregacional, Magali destacou a missão da igreja que caminha de mãos dadas com o social, e traçou referências missiológicas como: “ganhar almas para Jesus deve significar ganhar dedicação às prioridades de Deus, que exige uma resposta. Arrependimento e conversão começam na própria igreja”. Portanto, “a pregação na igreja deve considerar o pecado social e a conversão social. Niebhur afirma que a igreja responsável é a igreja apostólica” acrescentou.

Ações responsáveis

Dentro dessa perspectiva a professora falou sobre a questão da ética cristã, “como uma necessidade de formar o caráter do cristão, necessidade de um comportamento especial na sociedade”. Foi mais além ao citar o texto do Evangelho de Marcos 8.11-26 “vocês tem olhos para ver e não vêem, ouvidos para ouvir e não ouvem...” É preciso ver a nossa realidade e denunciar o que não é da vontade de Deus.

Outros pontos destacados foram a necessidade de unidade entre cristãos(ãs) para o testemunho concreto da fidelidade de Deus; a dimensão política como busca de soluções que possam transformar a realidade das pessoas; a atuação política sem partidarismos; os conselhos sociais como um espaço onde a igreja possa testemunhar o amor de Jesus e somar esforços para o bem da comunidade.

Após listar uma série de temas que foram ditos na semana -- justiça econômica, superação da violência, direitos humanos, meio ambiente, educação entre outros -- ela destacou alguns que ficaram de fora – e fizeram falta -- na discussão. Dentre eles: consumo responsável, inclusão do idoso e pessoas com deficiência, situação prisional, o acesso à água e urbanização.

O Grande Julgamento
O culto de encerramento da Semana Wesleyana contou com uma encenação feita pos alunos da Fateo, enfatizando a responsabilidade de fazer o bem aos pequeninos, presos, pobres, marginalizados. A pregação do Bispo João Alves baseou-se no texto de Mt 25.31-46, intitulado pelos exegetas de “O Grande Julgamento”. Em um dos momentos de sua fala, o bispo salientou a urgência do trabalho da Igreja para dignificar a vida. Essa deve ser nossa meta, a do crescimento na santificação e no serviço: “A Igreja é peregrina e cresce quando sai de si mesma. É preciso ter ações embasadas em um crescimento de santificação, sem ser individualista. Precisamos trabalhar juntos”.
José Geraldo Magalhães Jr.
CD e livros lançados na Semana


Como nos anos anteriores, a 57ª Semana Wesleyana também contou com lançamento de produções da Editora da Faculdade de Teologia, a Editeo. Foram lançados mais dois exemplares das revistas Caminhando (nº 21) e Mosaico Apoio Pastoral (nº 41) e o livro com os conteúdos da Semana Wesleyana 2007 intitulado Mil Vozes para celebrar, sobre os 300 anos de Charles Wesley e sua contribuição à musicalidade das igrejas.

Foi lançado também o CD Mudança, trabalho de remasterização de um LP gravado plo coral da Fateo em 1984, o “Canto da Terra”. A reedição comemorativa traz canções que falam de justiça social e esperança e marcaram época nas igrejas metodistas: Xote da Vitória, Momento Novo, No Amor de Deus e Lavapés são algumas das composições para ouvir, cantar... e pensar.






Suzel Tunes
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Credo Social – uma proposta teológica

Credo Social – uma proposta teológica
Você sabe qual foi o primeiro Credo Social histórico? Ele está publicado no Antigo Testamento! Nesta quarta-feira o reitor da Faculdade de Teologia, Rui de Souza Josgrilberg, deu continuidade à Semana Wesleyana inspirado no tema: Credo Social – uma proposta teológica. “Há alguns fundamentos que às vezes esquecemos: por exemplo, somos humanos e parte da Criação de Deus”, disse o reitor. Para ele, a nossa autonomia não é para viver em torno de si, mas com o próximo. Essa é a razão de ser do Credo Social, uma contribuição como marca metodista e é também, uma contribuição para toda a sociedade.

A junção de “eu creio” e “nós cremos” é um aspecto fundante do ser cristão, ou seja, a proposta de recuperar o social na condição cristã é a dependência um do outro. A correlação nada mais é que relacionar-se com o outro, não existe o social e o pessoal, mas uma dependência recíproca.

O professor Rui citou também a Constituição da Igreja Metodista como documento maior de nossa igreja. Ele citou o Art. 3º nos parágrafos 1º e 2º, que descrevem sobre nossas doutrinas. Nessa perspectiva, ele diz que o Credo Social tem 4 itens:

1.A responsabilidade cristã é a Palavra de Deus. A Bíblia tem o povo, a sociedade e tudo que acontece como “pano de fundo”;
2. Testemunho de Wesley;
3.Unidade cristã e serviço comum que prestamos;
4.Contexto científico e tecnológico. “Vamos unir crença e máquina global há tanto tempo separada", afirmou.

Ele expôs as bases bíblicas para o Credo Social, mencionando a Trindade como percepção de que Deus está na humanidade. “O que está em jogo é uma dimensão cósmica. Só podemos ser salvo com o outro e não individualmente. Para entender a humanidade, é preciso estar enraizado com o outro no social, e romper o ensimesmamento envolvendo-se com o outro, o Reino e sua justiça”. Em sua definição de Reino, ele afirmou que é a “maior organização coletiva que está em nós e entre nós”.

O Senhorio de Cristo em sua concepção é “o Senhor da terra, das instituições e de toda a realidade. Ele é o Senhor das instituições. A mensagem evangélica não é somente uma mensagem para pessoas, mas uma mensagem social para o povo” . Citou o exemplo da Marcha pra Jesus que reuniu mais de 1,5 milhão de pessoas, mas não teve atuação social.

Certa vez, contou o prof. Rui, Wesley procurou um determinado “homem sério”, um conselheiro para lhe esclarecer sobre como servir a Deus e o caminho da salvação. O tal homem sério respondeu: “busque seus amigos, se não os tem, faça-os". “A salvação é entendida como processo da nova criação. Wesley percebeu que não podia ser cristão sem amigos, viver isoladamente, ou seja, a fé cristã é social. Esse é o pano de fundo que às vezes é esquecido”, destacou.

Muitas pessoas podem não saber qual é o primeiro Credo Social. Quem foi à palestra do reitor da Fateo não tem mais essa dúvida. O primeiro Credo Social está em Dt 26.5-10 .

José Geraldo Magalhães Júnior

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quarta-feira, 28 de maio de 2008

III Parte

Pensamento de João Calvino sobre o Credo Social
III Parte
Por José Geraldo MAgalhães Júnior

Perspectiva reformada a partir de Calvino e seu pensamento social foi o tema que o professor de História da Igreja na Fateo, Douglas Nassif Cardoso, levou à plenária. Ele começou dizendo que “o pensamento social de Calvino é pouco tratado na literatura dos reformadores”.
Douglas começou sua palestra destacando a importância de Guilherme Farel, um reformador francês, que ao desenvolver a reforma em Genebra ela foi de cunho político e religiosa. Já com dois anos de Reforma, em julho de 1536, João Calvino encontra Farel, que o convence a ficar no movimento e começa a desenvolver o projeto de igreja circunstancialmente. Na obra: “Dedicatória às Institutas”, Calvino afirma o respeito ao verdadeiro Rei como um verdadeiro ministro de Deus. A chave do pensamento de Calvino, segundo o professor, era que a política e a doutrina se completam.
Ao iniciar a reforma em Genebra ele inclui catecismo e uma profissão de fé. Era necessário a sociedade ser reestruturada. Para ele, a única instituição capaz de apontar os erros do Estado era a Igreja. Dentro dessa perspectiva teológica, Calvino desenvolve sistemas para evitar especulação de preço. Ele pede ao Conselho da Cidade que justifique, através de planilha, o por quê do aumento dos elementos básicos, inclusive o vinho.
Com isso, Calvino elimina a mendicância de Genebra através da política de sustento. Isso ocorreu de duas maneiras: a primeira delas era levar aqueles(as) que não tinham condições de sustento próprio para a agricultura e ali tirarem seu meio de sobrevivência. A segunda é que cabia aos diáconos visitar os lares e verificar nas despensas as necessidades básicas a serem supridas. Logo, Genebra passou a ser uma cidade de refúgio para os recentes na fé, principalmente os refugiados e vitimizados que precisavam ser recolocados nos campos de trabalho. Através do “bicho da seda” e do artesanato ele restabelece os oprimidos e desempregados à sociedade.
Nesse sentido, o trabalho passou a ser tratado como uma questão de culto e vocação
A questão do salário também foi explorada por Calvino. Ele se apresentava diante das cooperativas (sindicatos hoje) e reivindicava melhores salários. Em sua ideologia e teologia, se o empregador retivesse parte do salário do empregado, ele interferia dizendo que estava sendo tirado algo de Deus e não do empregado. Os pastores de Genebra, sob a orientação de Calvino sentavam-se às mesas com os empregadores para reivindicar salários justos. Enfim, Calvino baseava no cotidiano para suprir as necessidades sociais das pessoas.
Meio Ambiente

No momento das perguntas feitas por alunos, a questão do Meio Ambiente veio à tona. O professor José Carlos lembrou o tema que já foi abordado pela 51ª Semana Wesleyana e resultou no livro: Meio Ambiente e Missão: a responsabilidade ecológica das igrejas. Mas não parou por aí: “Todas as igrejas têm um desafio enorme com o cuidado com o meio ambiente, usos sustentáveis dos meios da terra”, disse ele. Concluiu dizendo que repensar o Credo Social numa perspectiva ecumênica envolve a responsabilidade ecológica das igrejas. Se as igrejas querem levar a sério sua missão, não podem deixar de debater sobre o meio ambiente. Do ponto de vista wesleyano, todos nós somos cuidadores da criação de Deus.
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II Parte Credo Social

Raízes do Credo Social de Wesley até o século XIX

II Parte
Rauschenbusch e Wesley

Esses dois teólogos têm elementos comuns quanto à compreensão desantificação. Ambos viveram grandes mudanças estruturais. O século XVIII foimarcado pela fase de mudança industrial, ou seja, é um período de transição histórica. AInglaterra deixou de ser uma sociedade rural, agrícola e tradicional, sendo substituídapelas máquinas como símbolos daquilo que se chama civilização industrial. Por outrolado, junto com as máquinas veio a exploração do trabalho de mulheres e crianças. Já osmeios de produção estavam concentrados nas mãos de poucos.

Os Estados Unidos também foram palco de grandes mudanças no século XIX. Após a Guerra de Sucessão (Guerra Civil norte-americana) e até o fim da I GuerraMundial houve uma expansão muito forte do capitalismo sem empecilho algum. Isso pode ser exemplificado com o surgimento de novas organizações empresariais de grandes corporações, monopolizando o poder. Com isso, também houve um crescimento demográfico rápido e desordenado. Logo, os EUA recebem migração de diversos lugares do mundo. Ambos se defrontaram com as igrejas despreparadas com os desafios de seu tempo. As regras eram prisioneiras da ideologia dominante. Isso justificava um duplo contraste social.

Segundo o professor José Carlos, tanto Wesley como Rauschenbusch descobrem, junto ao povo pobre, a face de Deus como fonte de toda teologia. Ele citou o texto de Lucas 4 e Isaías 61. Wesley encontrou o povo em Bristol, 1739, ao ser convidado por Jorge Withfield a pregar ao ar livre. Para os dois, a salvação é social: ninguém poderia ser salvo isoladamente, mas na e com a sociedade. Segundo o palestrante, “eles descobrem o tema do Reino de Deus, são coerentes em sua prática missionária, pois naquela época preocupavam-se com a escassez de alimentos. A conseqüência do Evangelho Social se fez sentir em todas as denominações”.
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Raízes do Credo Social de Wesley até o século XIX - I Parte

Raízes do Credo Social de Wesley até o século XIX
Por José Geraldo Magalhães Júnior

A 57ª Semana Wesleyana começou nesta segunda, 26 de maio, pela manhã com uma pré-palestra ministrada pelos professores da Fateo, José Carlos de Souza e Douglas Nassif Cardoso sobre o tema “Raízes do Credo Social: de Wesley até o séculoXIX”. No primeiro momento da palestra, o prof. José Carlos fez menção às raízes doCredo Social, ou seja, um grupo de clérigos metodistas que fundou, em dezembro de1907, a Federação Metodista para o Serviço Social, que incluía muitas medidas dareforma social. No ano seguinte, duas decisões importantes serviram como marco para oCredo Social: a primeira foi a Conferência Geral da Igreja Metodista Episcopal em1908, que adotou o documento como o Credo Social Oficial. A segunda foi, nestemesmo ano, a formação do Conselho Federal das Igrejas em Cristo, que tambémincorporou o Credo Social como um documento de referência.


Nesse processo duas personalidades são lembradas: John Wesley (1703-1791) eo teólogo batista, expoente do Evangelho Social, Walter Rauschenbusch (1861-1918).“Para Wesley, em seu texto Marcas de um Metodista, de 1742, o caráter de ummetodista não tem intenção de se distinguir dos outros homens a não ser pelosprincípios do cristianismo” relembrou o professor José Carlos. Por outro lado, Rauschenbusch estabeleceu uma distinção entre o que chamou de “antigo evangelho dasalvação” e “o novo evangelho do Reino de Deus”. Diz ele, “Não se trata de levarindivíduos para o céu, mas transformar a vida aqui na terra na harmonia do céu”1. Eleexpressa a restauração da antiga fé que em algum processo da história se perdeu. “Opovo de Deus nunca se eximiu de sua responsabilidade ou criação em geral, masprincipalmente frente aos excluídos, pobres, mulheres, crianças, oprimidos e rejeitados.Portanto, o credo social é tido como um elemento fundamental da herança cristã”,afirmou professor José Carlos.


As palavras de um dos Pais da Igreja, João Crisóstomo, também foram citadasem sua fala ao referir sobre o período medieval, Reforma e época atual: “Vale muitomais nutrir a Cristo que tem fome, que ressuscitar os mortos em nome de Jesus”.“Existem raízes profundas na fé que professamos”, acrescentou.
Veja a continuação do texto em Parte II
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57ª Semana Wesleyana

Cem Anos de Credo Social Metodista

Por Suzel Tunes*
Que tipo de Credo Social o nosso tempo está pedindo? Os professores da Fateo, Bispo Paulo Ayres e Rev. Cláudio Ribeiro falam sobre questões que desafiam as igrejas locais.
Cláudio Ribeiro, que atua como pastor na Igreja Jardim Santo André, na periferia da cidade, destacou que uma das maiores preocupações de sua comunidade é com trabalho e emprego. Para o neo-liberalismo, que descarta a participação do Estado na regulação da economia, não há cidadãos: apenas peças descartáveis da engrenagem.
Paulo Ayres lembrou-se de uma experiência chocante pela qual passou sua irmã, que realizava trabalho de ação social no morro Chapéu Mangueira, no Rio de Janeiro. Ela encontrou lá um menino que conhecia, portando uma metralhadora e tentou alertá-lo para o perigo de ingressar no crime. A resposta dele foi categórica: “Meu pai foi pobre a vida inteira. Se eu morrer, pelo menos morro de Nike no pé”.
Ele afirmou que o tráfico de armas, o narcotráfico e a prostituição respondem, segundo pesquisas, por 61% da circulação de recursos econômicos em todo o mundo. Ou seja, 61% da economia mundial tem origem ilícita.
Há, ainda, outras questões para as quais as igrejas devem acordar, como a questão agrária, indígena, a luta dos quilombolas e o racismo que ainda impede expressões culturais afro-brasileiras nos templos protestantes.
A palestra da manhã não fechou questões. Ficou aberta a pergunta: precisamos construir um novo credo social para o nosso tempo? Ou precisamos conhecer os documentos que temos e aplicá-los realmente?
* Jornalista e editora chefe do Jornal Expositor Cristão: órgão oficial da Igreja Metodista
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O Humanismo Social de Calvino II

Parte II
O Trabalho, o Salário, o Comércio e o Banco

Por José Geraldo Magalhães Júnior

A contribuição de Calvino para a compreensão do sentido cristão do salário é de grande importância. Ele situa o problema no quadro bíblico, mostrando que o salário só pode ser entendido à luz do gratuito dom de Deus. Mas, isso não impede que o Estado exerça certo controle no mesmo, sendo garantido por acordos contratuais e em caso de opressão possa ser recorrido as autoridades.
Certamente é com respeito ao comércio do dinheiro que o pensamento econômico de Calvino é mais revolucionário. Biéler cita o Concílio de Nicéia em 775, que proibia o empréstimo a juros, claro, que a regra tinha lá as suas excessões, por exemplo, todo aquele que dava de empréstimo era autorizado a exigeir uma indenização caso sofresse danos reais.
Os primeiros reformadores condenavam o uso dos juros, fiéis a tradição da Idade Média, mas admitiam as excessões. Lutero, por exemplo, rebate a idéia dizendo que mais que o juro em si, são as taxas elevadas que devem ser consideradas usura. Por outro lado, Calvino, liberto pela fé de todas as tradições, aborda a questão em uma perspectiva bíblica, considerando ato de avareza a aplicação para fins de lucro de um empréstimo que é solicitado para socorrer alguém. Em se tratando de taza de juro, importa que o Estado estabeleça certas normas para que haja um ordem no âmbito social. Portanto, no pensamento de Calvino, o comércio do dinheiro, deve ser facilitado na medida que é necessário para o desenvolvimento da indútria e do comércio, mas com limites sadios evitando que a vida da sociedade seja perturbada pelos excessos de avareza.
Na concepção de Calvino sobre a vida econômica, ele buscava o equilibrio social de um lado, sempre renovado pelos bens e direitos da pessoa; do outro o respeito das necessidades do conjunto social. Seu pensamento sobre o econômico e social, abriga um tempo de preocupação pela pessoa e pela sociedade. Para Calvino, não se deve buscar os bens materiais por cobiça. Se a pessoa vive na pobreza, que suporte-a com paciência. Por outro lado, se a pessoa é tida como rica, que não venha se prender nas riquezas. Segundo Calvino é preciso trabalhar honestamente para ganhar a vida, pois, o sustento vem de Deus. E por último, quem nada possui que não deixe de render graças a Deus pelo pão de cada dia. Mas é necessário ter em mente os ensinamentos de Jesus que deu-se por nós em morte de cruz. Ou seja, é preciso comunicar ao próximo com alegria, amor, e com as graças que se recebe de Deus, ela possa ser repartida com aqueles que nada tem.
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O Humanismo Social de Calvino I

Parte I
O Trabalho, o Salário, o Comércio e o Banco
Por José Geraldo Magalhães Júnior

Nesse capítulo que trata as questões do dinheiro, dos bens econômico, do trabalho e da sociedade, Biéler nos apresenta um Calvino que denuncia o perigo espiritual das riquezas, que só é justificado, para o sustento da vida de seu proprietário e de sua família, e também para suprir as necessidades da sociedade como um todo.

Ao se tratar de trabalho, ele não pode ser uma fonte de opressão para o homem, mas é o meio pelo qual Deus dá o sustento para a humanidade. Portanto, o homem que fugir a essa obediência voluntária a Deus, estará sujeito a ser desligado da obra de Deus tornando-se uma fonte de problemas, ansiedade, injustiça e opressão. Para que isso não ocorra, o homem deve dar uma pausa em sua própria atividade deixando-se possuir por Deus e se entregando ao comando de seu próprio trabalho. Daí a importância do repouso, dia de descanso. Entretanto, como o desemprego é um flagelo social que deve ser combatido, privar o homem de seu trabalho, como diz Calvino, é como se degolássemos.

Conquanto, escreve Calvino, recebemos o alimento das mãos de Deus, ele nos ordenou que trabalhássemos. O trabalho não é, pois, invalidado na condição humana aqui na terra. Sabemos que todos os artesãos e trabalhadores dependem de seu salário para viver... Visto que Deus dessarte faz depender sua vida do esforço de suas mãos, isto é, de seu trabalho, privá-los dos meios necessários a esse trabalho é como se os degolássemos[1]

Sobre a doutrina do trabalho, Calvino é considerado um inovador em relação aos seus predecessores que, faziam do trabalho um dever terreno, sem uma relação imediata com a fé e a vida espiritual. Claro, isso de acordo com as doutrinas cristãs medievais. A escolástica, por exemplo, contribuiu para esvaziar de todo o prestígio e de todo valor espiritual as atividades profissionais. Em contra partida, Calvino liga estreitamente o trabalho com a vida cristã, destacando que o evangelho faz do trabalho a participação do ser humano na obra de Deus.
Seguindo o pensamento do autor que o salário é como um dom de Deus, surgem então algumas perguntas: Qual é o valor ideal do salário para o homem? Se o salário é um dom de Deus, o porquê uns recebem um dom maior que outros? Para compreender o real significado espiritual do salário, é preciso levar em conta uma verdade fundamental do evangelho: o homem não tem direito a nenhuma remuneração da parte de Deus. Tudo quanto recebe é expressão da graça do Deus Salvador que, misericordiamente provê o sustento para a vida. Na sua bondade Deus não deixa de conceder o necessário ao seu povo. O salmo 23 em sua tradução original reafirma isso com mais veemência no versículo 1 que diz: Javé (é) meu pastor eu não sentirei falta.

No entanto, é preciso ter uma tomada de consciência espiritual com respeito ao salário através do domínio da fé. Como nem todas as pessoas são cristãs para compreender essa dimensão espiritual, o salário tem que ter um preço justo, e equivalente ao preço de mercado, ou ditado pelas autoridades pública. Uma vez que o mercado de trabalho esteja saturado, não é lícito reduzir o salário a ponto de privar o trabalhador de viver com os seus. Calvino contestou essa posição, onde muitos ricos beneficiam dos pobres, espreitam as ocasiões para cortar pela metade os seus salários. Como o pobre não tem onde empregar e precisa de seu trabalho, ele aceita essa imposição.

[1] BIELER, André. O Pensamento Econômico e Social de Calvino. Pág. 52, São Paulo: Oikoumene, 1970.
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Lutero

Lutero, afinal, o que quis?[1]

Por José Geraldo Magalhães Júnior

Para escrever algo sobre Lutero, deve-se levar em conta que ele continua muito vivo e presente, não porque as igrejas protestantes são frutos da reforma, mas porque também muito dele está presente de modo subjacente mesmo em outras igrejas e no mundo moderno. Para responder o título dado por Altmann, Lutero, afinal, o que quis? é necessário analisar as limitações e os erros desse reformador.
Lutero sofreu várias acusações fora do âmbito das igrejas, por exemplo, sua relação com os príncipes que sofrera várias oscilações e sua postura frente a revolta dos camponeses. No âmbito ecumênico há algumas ressalvas segundo alguns autores, pois, o próprio Lutero menciona como controvertidas as doutrinas do servo arbítrio, a limitação dos sacramentos que é diferente da eucaristia em si e a doutrina dos dois reinos.
Entre as ressalvas feitas por luteranos, Altmann classifica como superadas por Lutero: seu linguajar grosseiro, suas incoerências na construção de uma igreja evangélica, suas recaídas no pensamento medieval, à formação de um estado confissional protestante e seu posicionamento tardio frente aos judeus. Alguns autores como Mühlhaupt, chegam a mencionar um certo equilíbrio no emprego da Escritura e na questão da Santa Ceia.

O movimento de Lutero adquiriu quatro nomenclaturas: protestante, reformador, luterano e evangélico. A primeira, protestante, passou a ser uma caracterização do movimento luterano. No entanto, para Altmann há uma contradição aparente. Lutero acreditava em uma consciência libertada pela palavra de Deus, e essa, tem o dever de protestar. Todavia, a própria consciência precisa passar pelo processo de libertação, que provém da justificação. Protestante não é aquele que está contra alguma coisa, mas que protesta em favor de alguma coisa. Para Gustavo Gutiérrez, em sua Teologia da Libertação, todo anúncio implica numa denúncia e toda denúncia está a serviço do anúncio.

O termo reformador também tem uma contradição: Lutero acusava Roma de ser inovadora e sempre de novo se defendia das acusações de inovação. Para Lutero a igreja antiga se contrapõe a uma igreja reta e a outra falsa. Na verdade, Lutero nunca quis reformar, mas pregar o evangelho. Para ele a palavra de Deus é de tal poder que transforma a realidade. Foi nesse pensamento que refutou Erasmo: “A palavra de Deus, quando vem, vem para mudar e inovar o mundo”. Portanto, a Reforma é antes de qualquer coisa, fruto da pregação da palavra de Deus, não do planejamento de Lutero. O restante é conseqüência de um homem de coragem que quis pregar o evangelho e decidiu traduzir a bíblia, para que os alemães tivessem acesso à palavra de Deus.
Os luteranos? Essa é uma nomenclatura que o próprio Lutero não aprovara. Pois ele mesmo era contra, na sua concepção, ninguém deveria ser chamado de luterano e sim cristão, porque a doutrina não era dele. Como se não bastasse, ele vai mais a diante fazendo referência em I Co 3 classificando-se como um saco pobre e fedorento de vermes. Ele não queria ser o mestre de ninguém, porque tinha junto à comunidade o mestre dos mestres que é Cristo. Percebe-se então, uma nítida consciência de distância entre ele e a palavra de Deus.
Lutero estava cada vez mais convicto de que a causa evangélica, era um constante retorno à palavra de Deus expressa na Bíblia. Daí sua incansável atividade de pregador, pois, o evangelho vem da palavra. Sua autoridade é espiritual. É do termo evangélico, que provém a coragem para o protesto nascendo o estabelecimento da Reforma seguido do luteranismo.

Retornamos a pergunta deste capítulo: Lutero, afinal, o que quis? Uma liberdade evangélica. O contrário do que se tem visto nos dias atuais, onde se pensa que pode fazer de tudo. Lutero tinha um conceito da liberdade evangélica. Para ele o cristão é um ser livre de todas as coisas e não está sujeito a ninguém, isso vale para o âmbito da fé. Para ele a compreensão entre pessoa e obra é fundamental. Segundo Altmann, Deus quer vir por detrás das obras exteriores e deseja, sobretudo, alcançar as pessoas em sua integralidade. Mas não pára por aí. Lutero segue adiante em seu tratado sobre As Boas Obras, ele faz uma inversão muito significativa ao afirmar que as obras feitas para a igreja como: jejuns, orações, penitências, veneração de relíquias, são decididamente más e coisas do diabo; por outro lado, as obras boas são aquelas que expressam amor ao próximo. O ponto crucial onde essa inversão acontece é a cruz de Cristo. Pois é na cruz que existe a renúncia e o direcionamento da vida humana e Deus. O que, aliás, aqui está inserido a “theologia crucis” de Lutero.
Lutero deixou uma marca muito profunda no conceito de santidade. Porém, para entender a “nova santidade” de Lutero, é preciso inseri-la no contexto de identificação pela cruz, e entender a justificação pela fé como libertação para assumi-la. Isso implica em passar do lugar de vocação e santidade, para o contexto dos movimentos e organizações populares. Aí está o grande desafio, onde se decide viver em liberdade e na cruz de Cristo, renunciados e dispostos a viver somente pela graça de Deus.

[1] ALTMANN, Walter. Lutero, afinal, o que quis? In: Edição Especial da Revista “Estudos Teológicos”, Reflexões em torno de Lutero. São Leopoldo, RS, 1981, pp.9-28.
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domingo, 25 de maio de 2008

Metodismo

Publicada em janeiro de 2008 no jornal Expositor Cristão, órgão oficial da Igreja Metodista do Brasil

Cruz e Chama: 40 anos de identidade

Por José Geraldo Magalhães Júnior


Em 2008 temos duas datas importantes a serem lembradas: os 270 anos da experiência de John Wesley na rua Aldersgate em 24 de maio e os 40 anos da fusão de duas igrejas: a Metodista e a Evangélica dos Irmãos Unidos, formando a Igreja Metodista Unida. Como resultado dessa união, criou-se em 1968 o símbolo da Cruz e Chama que identifica a Igreja Metodista no mundo todo. Antes de ser criada a marca oficial, uma equipe designada pelo concílio da nova igreja decidiu que qualquer símbolo que fosse criado deveria trazer alguma expressão do calor que John Wesley sentiu no coração no dia 24 de maio de 1738. O resultado foi bastante feliz: simples, mas de rico significado, o símbolo metodista traz a cruz vazia (representação do Cristo ressurreto) e a dupla-chama, que representa tanto a junção das duas denominações americanas, quanto a experiência do coração aquecidoA história deste símbolo é bastante significativa para o povo chamado metodista. Sua criação começou nos Estados Unidos, em 1968, quando duas Igrejas (a Metodista e a Evangélica dos Irmãos Unidos) se fundiram, formando a Igreja Metodista Unida.
Cruz e Chama:
Este símbolo foi criado nos Estados Unidos em 1968, ano do nascimento da Igreja Metodista Unida. Nesse ano, um Concílio da nova Igreja (a Metodista Unida) nomeou uma equipe liderada por Edward J. Mikula para criar uma marca "oficial" para a nova denominação que surgiu a partir da fusão. Na equipe de Mikula, trabalhava Edwin H. Maynard, que pesquisou os aspectos simbólicos da marca "oficial". Tanto Mikula quanto Maynard decidiram que qualquer símbolo que fosse criado deveria carregar alguma expressão de calor como aquela que John Wesley sentiu em seu coração, na Rua Aldersgate, na Inglaterra, quando da sua experiência religiosa, em 24 de maio de 1738. Por isso é que a equipe liderada por Mikula assumiu o emblema que contém a cruz vazia, lembrando o Cristo ressurreto, e a chama, lembrando aquele calor estranho no coração de Wesley, naquela noite de primavera, na Inglaterra do século 18. Além disso, o simbolismo do emblema nos relaciona com Deus, o Pai, através da segunda e terceira pessoas da Trindade: o Cristo (cruz) e o Espírito Santo (chama).
A marca foi registrada em 1971 no Departamento de Marcas e Patentes dos Estados Unidos. No Brasil, está registrada no INPI – Instituto Nacional de Marcas e Patentes. Portanto, esta é uma marca que pertence unicamente à Igreja Metodista. Qualquer pessoa ou entidade que desejar utilizar este emblema em camisas, bótons e outros objetos deverá solicitar autorização à Sede Nacional da Igreja Metodista. O pastor Silas alerta que é proibido o uso comercial do símbolo sem autorização. “A Igreja Metodista, proprietária da Marca, pode propor medidas administrativas e judiciais para a cessação do uso e requerer judicialmente indenização respectiva e pedir o pagamento por todas as despesas com o processo”.A utilização do emblema requer, também, a observância de algumas regras. Sua reprodução deve ser fiel à criação original, respeitando-se as cores e as dimensões.A marca foi registrada em 1971 no Departamento de Marcas e Patentes dos Estados Unidos. No Brasil, está registrada no INPI – Instituto Nacional de Marcas e Patentes. Portanto, esta é uma marca que pertence unicamente à Igreja Metodista. Qualquer pessoa ou entidade que desejar utilizar este emblema em camisas, bótons e outros objetos deverá solicitar autorização à Sede Nacional da Igreja Metodista. O pastor Silas alerta que é proibido o uso comercial do símbolo sem autorização. “A Igreja Metodista, proprietária da Marca, pode propor medidas administrativas e judiciais para a cessação do uso e requerer judicialmente indenização respectiva e pedir o pagamento por todas as despesas com o processo”. A utilização do emblema requer, também, a observância de algumas regras. Sua reprodução deve ser fiel à criação original, respeitando-se as cores e as dimensões.
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sábado, 24 de maio de 2008

Famíla

A Grande Família


São eles que me fizeram entender que nada é tão difícil, e que a vida pode ser fácil quando se tem planos para sonhar. As vezes os planos tomam outras direções, nos levando a enxergar outros horizontes, caminhos que o de outrora. Mesmo que nesse novo caminho eu depare com espinhos e pedras, basta olhar à volta e perceber que o de melhor está comigo. São eles: minha esposa Márcia e nosso tesouro Rafael, doravante é só viver um dia após o outro. Eles me mostraram que o amor lança fora o medo de lutar, buscar novos rumos e ver o mundo com mais esperança. Somos criados para "viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e ter a certeza de ser um eterno aprendiz" como disse o mestre Gonzaguinha.


Todos os seres fazem parte da grande família da humanidade, e somos moradores em comum de uma imensa casa chamada terra ou oikoumene, casa habitada. À minha família querida, a qual devo meus melhores e maiores momentos de alegria, segue minhas orações de paz, amor, ternura e muitas, muitas felicidades nos anos vindouros e frutíferos.
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Romanos 1.16-17

Três Aspectos da Salvação
Por José Geraldo Magalhães Júnior

INTRODUÇÃO:
Texto: Romanos 1.16-17
Assunto: Salvação
Tema: Os três aspectos da Salvação
Exórdio: Algumas pessoas afirmam que a Salvação é pelas obras, outras pela fé, ainda há aqueles(as) que afirmam: “uma vez salvo, sempre salvo?” Quem está correto? Vivemos em um mundo onde o tema da religião está em evidência. As pessoas estão em busca da salvação! Diante dessa realidade, o que sabemos sobre a salvação?
Explicação:
A carta aos Romanos[1] juntamente com Gálatas e I Coríntios, são consideradas cartas doutrinárias. Em Romanos o que está em questão é a Lei e a Graça. A partir do cap. 1.7 a lei é boa, mas quando não dá para seguir ela serve para acusar. Sendo assim, o judeu e o gentio não têm salvação porque não seguem a lei. No cap. 7.24 Paulo chega à seguinte conclusão: “Infeliz de mim, quem me livrará desse corpo de morte?” Do cap. 1 ao 7 a carta fala da vida sob a lei que tem um resultado de morte; em contrapartida, do cap. 9 ao 15 relata a vida sob a graça de Deus. Ao longo da carta a palavra Pneuma[2], Espírito aparece 34 vezes, sendo 20 somente no capítulo 8. Ou seja, o tema central da carta está no capítulo 8. A transição da vida da lei para a graça se dá através do Espírito. Para Paulo a Salvação é pela fé. Quem proporciona a mudança de mente é o Espírito. Quando Paulo diz no cap. 12.1 “Rogo-vos, pois, irmãos...” no grego o verbo exortar, parakaléu[3] quer dizer: prestem atenção!(v.1) Não sejais amoldados (v.2), mas transformados. Em outras palavras, peço que vocês não entrem no esquema atual (o da lei), mas pratiquem o latréia logikós[4], o culto racional ou espiritual. Não adianta cumprir uma série de “regrinhas”, por exemplo, ir à igreja, cantar, bater palmas para obter a salvação.
Proposição:
Assim, de acordo com a carta aos Romanos, podemos aprender três aspectos sobre a Salvação.
Palavra chave:
aspectos – Interrogantes: Quais?
DESENVOLVIMENTO:
Transição:
O primeiro aspecto da Salvação é a...
I- Salvação (versus experiência pessoal):
a. Passado: A palavra Salvação, no grego soteria[5] significa livramento, chegar à meta final com livramento, proteger de dano. O aspecto passado inclui a experiência pessoal, mediante a qual, nós cristãos recebemos o perdão dos pecados, ou seja, recebemos de Deus um livramento. Com isso, passamos da morte espiritual, como afirmou Paulo (7.24) e passamos para a vida espiritual (I Jo 3.14), do poder do pecado para o poder do Senhor. A experiência passada de soteria, de livramento nos leva a um novo relacionamento pessoal com Deus (I Jo 1.12) e nos livra da condenação do pecado, pois a “Salvação é para todo aquele que crê” (1.16).
b. Presente:
Todos nós provavelmente já ouvimos falar em duas frases: “a salvação é individual!” ou “todos os caminhos nos levam a Deus!” O mais importante que conceitos sobre a salvação, é saber viver um relacionamento diário com Deus como nosso Pai, e com Jesus Cristo como nosso Salvador.
c. Futuro:
A soteria de Deus abrange o livramento da ira vindoura (5.9); nossa participação da glória divina (8.29) e nosso recebimento de um corpo ressurreto. Esse é o ponto central que todos os(as) cristãos(ãs) esforçam para alcançar.
Transição: Além da salvação existe um segundo aspecto que é o da...
II- Redenção (versus resgate pessoal):
a. Passado: O significado original de “redenção” é apolutrosis[6], resgatar mediante um preço. No AT o grande evento redentor foi o resgate de Israel em Ex 6.7. A expressão apolutrosis denota o meio pela qual a salvação é obtida: Pagamento de um resgate. O cap. 3.10-18 mostra que o ser humano está alienado a Deus, por isso precisa ser redimido mediante um resgate, pois o ser humano está escravizado pelo pecado (6.6, 7.14) e necessitando do livramento da culpa, da condenação e do poder do pecado (1.18; 6.1-18, 23).
b. Presente:
Quando passamos uma nota promissória para alguém, para resgatá-la é preciso fazer o pagamento da dívida. Creio que temos uma dívida com Deus e para pagá-la é preciso entregar nossa vida a Jesus.
c. Futuro:
Uma pessoa redimida pelo sangue de Jesus, não carrega o fardo do salário do pecado que é a morte, mas a vida em abundância em Cristo.
Transição: No entanto, além da salvação e redenção, é preciso o terceiro aspecto que é a...
III- Justificação (versus endireitar):
a. Passado: A palavra justificar, no grego dikaioo[7], significa ser “justo diante de Deus” (2.13), “tornado justo” (5.18-19), “estabelecer como certo”. Foi através do Evangelho que Paulo descobriu a justiça de Deus (1.17). Uma vez a pessoa justificada ela tem seus pecados perdoados. Para o apóstolo Paulo foram reveladas várias verdades a respeito da justificação e como ela é efetuada, por exemplo, a justificação diante de Deus é uma dádiva (3.24), e “todos carecem da glória de Deus” (3.23).
b. Presente:
Tem um ditado popular que diz: “pau que nasce torto morre torto!” Isso é uma inverdade, porque a pessoa uma vez salva, redimida e justificada por Deus, tem sua vida transformada em atitudes de acordo com as vontades de Deus.
c. Futuro:
Uma pessoa justificada por Deus seria então, aquela que é “crucificada” com Ele, ou seja, passa a viver uma experiência de justificação vivendo para Deus (2.19-21). A obra justificadora e transformadora de Cristo em nós, mediante a transição da lei, através do Espírito para a Graça, não se separa da salvação e redenção de Jesus.
Transição: Concluindo
PERORAÇÃO:
O nosso texto base não pode ser entendido como versículos isolados da palavra de Deus, mas é preciso analisar o contexto da Carta aos Romanos. Uma vez que Paulo não se envergonhava do Evangelho, porque para ele era o poder de Deus (v. 16). Ele vivenciou na comunidade de Roma o tema da lei e da graça de Deus, que somente chega-se aos três aspectos da salvação, redenção e justificação, através do Pneuma que é tratado no cap. 8 enfaticamente. Ou seja, a graça de Deus chega até nós, porque o Espírito, a Ruah de Deus é quem convence o homem do pecado da justiça e do juízo. Amém!
[1] Este sermão também foi baseado nas aulas do professor Paulo Garcia sobre Novo Testamento na Univercidade Metodista de São Paulo.
[2] Novo Testamento interlinear grego-português. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2004. 992 p.
[3] Id.
[4] Id. Ibd.
[5] Id. Ibd.
[6] Id.Ibd.
[7] Id. Ibd.
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Quem sou eu?

Sou casado com Márcia Valéria e tenho um filho, Rafael de 2 anos (em 2008). Por eles não desisto nunca! Meu gênesis se deu no interior de Minas Gerais, na cidade de Além Paraíba. Meus pais decidiram ir para Juiz de Fora - MG, para que seus filhos (4) pudessem estudar.
Em 1998 ingressei-me no CFTP - Curso de Formação Teológico Pastoral em Belo Horizonte, onde concluí 4 anos mais tarde. De retorno à Juiz de Fora em 2002, trabalhei na comunidade local, Benfica, casei-me no ano seguinte e me aventurei no vestibular de Jornalismo no Rio de Janeiro, onde cursei até o quinto período. Imprevistos da vida me imperdiram de continuar o curso de jornalismo. Em 2006 fui recomendado pela Ifreja Metodistra a estudar Teologia na Universidade Metodista de São Paulo. Concluí a gradução  em teologia pela UMESP em 2009. Permaneci em São Paulo sendo nomeado como pastor metodista  de tempo parcial para  A Igreja Metodista em Vila Planalto, SBC e nomeado de tempo integral para a Assessoria de Comunicação na Sede Nacional da Igreja Metodista, em São Paulo. Para ser mais específico, trabalho no Jornal Expositor Cristão, diagramação do mesmo, atualização do site. Enfim, a redação é pequena, mas tem muito trampo por lá.
No estado de São Paulo, como seminarista ainda, cheguei a dar minha contribuição na Igreja Metodista em Vila Aricanduva, Zona Leste de São Paulo; como pastor acadêmico em Jardim Ipê (SBC) e, depois de formado, na Igreja Metodista em Vila Planalto e na Sede Geral.

Ah! sim, quanto ao sonho de jornalista, tudo tem o tempo de Deus (Ec 3). Estou cursando na UMESP o melhor curso de jornalismo do país, segundo o Guia do Estudante. Cada um tem uma história!

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sexta-feira, 23 de maio de 2008

Meio Ambiente

O Aquecimento Global e suas Conseqüências

Por José Geraldo Magalhães Júnior


Quando vejo as geleiras dos grandes oceanos se desfazendo, percebo que o mundo está chorando devido as ações do homem. O que mais se tem falado por aí é sobre o Aquecimento Global, que pode ter um caráter reversível ou não. Portanto, é necessário tomar providências cabíveis para diminuir as emissões de gases na atmosfera que provocam esse aquecimento. O desmatamento ilegal nos países subdesenvolvidos são os grandes responsáveis por esse aquecimento global com cerca de 25%. No entanto, a maior fonte é a queima de combustíveis fósseis, como o petróleo, principalmente nos países desenvolvidos. A poluição do ar é caracterizada pela presença de gases tóxicos e partículas líquidas ou sólidas no ar.

O ar é uma mistura de gases. A atmosfera que é uma camada que envolve o planeta, é constituída de vários gases. Os principais são o Nitrogênio (N2) 78% e o Oxigênio (O2) 21 % que juntos, compõem cerca de 99% da atmosfera. Outros gases completam atmosfera, dentre eles os gases do efeito estufa[1]. Com o aumento dos gases do efeito estufa provocados pelo homem, através de queimadas, resíduos tóxicos entre outros, isso impede que ocorra uma perda demasiada de calor para o espaço, mantendo a Terra aquecida. Esse aumento de calor no planeta pode gerar conseqüências graves para a vida na Terra como: aumento do nível do mar, vazão reduzida em rios durante o verão, extinção de espécies e, sobre tudo, os ecossistemas e a biodiversidade do mundo inteiro. A grande preocupação é o nível dos mares que estão aumentando a cada década em 0.01 a 0.025 metros. Nessa estatística algumas ilhas e países no Oceano Pacífico podem ficar submersas no futuro. Se não tomar uma atitude emergencial, as emissões de gases de efeito estufa aumentarão de 37% até 2030 e, em 2050 até 52%.

Segundo o estudioso da área ambiental, José Goldemberg, em S.O.S Planeta Terra,[2] gases como o Dióxido de carbono (CO2) têm uma taxa de crescimento de 0,5% ao ano, isso contribui com 55% ao efeito estufa. Outros gases como o Metano (CH4), Clorofluorcarbonos (CFC13 CF2c12) e o Oxigênio de nitrogênio (N2O) também contribuem fortemente para o efeito estufa nas seguintes proporções de 15%, 20% e 10% respectivamente.

Os escapamentos dos veículos, as chaminés das fábricas e as queimadas, estão constantemente lançando no ar grandes quantidades de substâncias prejudiciais a saúde. As fábricas de cimento, indústrias químicas, refinarias e as siderúrgicas são as responsáveis pelos gases poluentes. Todos esses poluentes são resultantes das atividades humanas e são lançados na atmosfera.
Recentemente o teólogo Leonardo Bof cedeu uma entrevista à ADITAL – Agência de Notícias da América Latina e Caribe[3], dizendo que se existe um desafio essencial do ser humano na atual etapa histórica, é salvar a "casa comum", quer dizer a terra. Isso significa liberar o homem da sua alta destruição. Isso comprova que se o ser humano não tomar as medidas cabíveis em relação ao meio ambiente, as gerações futuras estarão comprometidas.

[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Aquecimento_global acessado em 16 mar 2008.
[2] GOLDEMBERG, José. S.O.S Planeta Terra: O efeito estufa. Editora Brasiliense, 1990.
[3] http://www.adital.org.br acessado em 16 mar 2008.
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