Título: Os Sete Sinais e as Sete Palavras da Paixão; Texto: João 11.45-57 Tema: Paixão de Cristo.
I- Exórdio:
Irmãos e irmãs, certamente hoje é um dia em que as igrejas cristãs e protestantes se organizam para esta celebração: A Paixão de Cristo. Sugeri como título de nossa reflexão nesta noite: Os Sete Sinais e as Sete Palavras da Paixão.
O Evangelho de João começou a circular nas comunidades já num tempo tardio, no final do século 1º séc. (90 d.C), no entanto, ele tem uma linguagem muito peculiar, principalmente no que tange às mulheres e crianças.
A epístola do Evangelista João é comumente conhecida com o “Evangelho dos Sinais”, ou “O Livro dos Sinais”. Pois o redator joanino se preocupa com os pormenores, ou seja, com os relatos dos chamados “Sete Sinais” e, “O Grande Sinal” de Jesus. Não vamos lê-los, mas mencioná-los para que nossa memória possa recuperar estes 7 Sinais e o Grande Sinal enfatizado por João nesta epístola Joanina. São estes considerados o “Início dos Sinais da Vida”. Sã eles:
1º Sinal em João 2.1-12: As celebração das bodas em Caná da Galiléia. A transformação da água em vinho. O vinho, na Bíblia, representa o amor; são muitos os textos bíblicos que falam disso (cf. Ct 1.2; 7.10; 8.2). A Antiga Aliança, portanto, não tem mais sentido, pois o amor foi substituído pela Lei.
2º Sinal está em João 4.46-54: A cura do filho de um oficial do rei. Existe uma semelhança muito forte com o primeiro sinal, pois o primeiro faltava, Vinho, o amor; neste segundo faltava a vida no filho do Oficial do rei. Nos dois casos, Jesus age transformando a carência em abundância, a tal ponto que, os discípulos creram em Jesus quando ele transforma água em vinho (Jo 2.11) e, no segundo sinal, o pagão (o oficial do rei) adere a Jesus com toda a sua família (Jo 4.53). Uma transformação de carência em vida!
3º Sinal está em João 5.1-18: A Cura do Paralítico. O Evangelho de João aponta que as festas judaicas se transformaram em ocasiões para as lideranças religiosas explorarem o povo. Neste caso, o paralítico representa o povo, ou seja, a proposta de Jesus com a cura do paralítico é trazer Vida para a nação. Assim, Jesus ordena ao paralítico que “levante, toma o teu leito e anda” (Jo 5.8), ou seja, o povo que estava aprisionado em suas cadeias, dominados pelos poderosos, agora são convocados neste sinal, a usufruírem da vida e da liberdade.
4º Sinal está em João 6.1-15: A Multiplicação dos Pães. Este não acontece mais na Galiléia ou Jerusalém, mas “do outro lado do mar Galiléia” (Jo 6.1), ou seja, num território inimigo, PAGÃO. Jesus sobe à montanha – como Moisés subiu outrora no Monte Sinai – e aí senta com seus discípulos (6.3). Ora, a Páscoa dos Judeus estava para acontecer (6.4). Daí, percebemos o que Jesus quis nos dizer com este sinal: primeiro todo Judeu deveria subir para Jerusalém para celebrar a Festa da Páscoa, mas Jesus faz o contrário, Ele sai de Jerusalém e vai para um território pagão, e, com Ele uma multidão de judeus; exatamente como Moisés saiu do Egito rumo à terra da liberdade e da vida. Jesus age dessa forma porque Jerusalém se torna um lugar de opressão do povo, um novo Egito. É com essa multidão que Jesus celebra a Páscoa, pois ele sobe a montanha, senta com o povo e sacia a fome deles, e a multidão reconhece que “este é mesmo o profeta que deveria vir ao mundo” (v.14). A partilha é a resposta para a fome da humanidade!
5º Sinal está em João 6.16-21: Jesus caminha sobre as águas. Este sinal nos oferece algumas pistas. Em primeiro lugar o texto indica que a tarde está caindo (v.16) e, a seguir diz que já era noite (v.17). Seria arriscado atravessar o mar durante a noite pelas grandes tempestades (v.18) “soprava o vento e o mar estava agitado”. Essa informação de que já era noite, nos faz mergulhar no sentido simbólico da escuridão – TREVAS no Evangelho de João. Os discípulos estão atravessando um estágio de trevas para a Luz.
Por essa razão, quando Jesus anda por sobre as águas Ele Diz: “SOU EU, não temais” (v.20). Esta expressão “SOU EU” ou “EU SOU” recorda o Nome do Deus Libertador (Javé – YHWH) no tempo do Êxodo (Cf. Êx 3.14-15). Jesus, então, se dá a conhecer com a presença de Deus que liberta.
6º Sinal está em João 9.1-41: A Cura do Cego de Nascença que, acontece em Jerusalém (10.22), a Luz do mundo – JESUS entra em conflito com as trevas – as lideranças-política e religiosas. Jesus ao curar o cego com saliva e terra afirma que “veio para este mundo afim de que os que não vêem vejam, e ao que vêem tornem cegos” (9.39).
7º Sinal está em João 11.1-44: A ressurreição de Lázaro. Este é o ponto alto da prática libertadora de Jesus. De fato, a ação de Jesus é libertar tudo que oprime o ser humano. Aqui Jesus liberta Lázaro da morte, vencendo uma barreira que parecia insuperável.
Preposição: Diante desses sinais, principalmente, a ressurreição de Lázaro há duas reações.
A primeira delas é que muitos judeus que tinham ido à casa de Maria, vendo o que Jesus fez, creram nele; por outro lado, outras pessoas o denunciam ao Sinédrio que, mais tarde vai condená-lo à morte.
Transição: Vejamos nosso texto:
A- (V. 47-48) O medo dos poderosos.
É a primeira vez que o Evangelho de João cita o Sinédrio abertamente. Além disso, o texto nos informa que ele está reunido para planejar tirar a vida de Jesus.
Os poderosos do Sinédrio tinham medo de Jesus e daquilo que Ele faz. Estão desorientados e – o que parece pior – sentem que perdem o poder de influência sobre o povo: vejamos novamente o que diz o verso 48: “Se o deixarmos, assim, todos crerão nele; depois virão os romanos e tomarão não o nosso lugar, mas de toda nação”.
Nesse sentido, o Conselho do Sinédrio reunido tentam encontrar uma saída, com o intuito de manter seus privilégios e de continuar controlando o povo. A saída está no “PERIGO” que a prática de Jesus representa à nação (v.48b) “os romanos e tomarão não o nosso lugar, mas de toda nação”.
Assim, o Sinédrio encontra um modo “LEGAL” de condenar alguém a morte: a segurança nacional. O Sumo Sacerdote dá o veredito final. Vejamos o versículo 50:
B- (V. 50) A intervenção do Sumo Sacerdote Caifás é decisiva.
Enquanto o Sinédrio discute o problema, o Sumo Sacerdote, Caifás, presidente do Conselho intervém (V.50): “Vós nada sabeis, vocês não percebem que é melhor um só homem morrer pelo povo, do que a nação inteira perecer”. Depois da intervenção dada pelo Sumo Sacerdote, a voz representativa do povo, o Sinédrio decide: “A partir desse dia, as autoridades dos judeus decidiram matar Jesus” (v.53).
Interessante que houve várias tentativas para matar Jesus (Cf. 7.30), “mas ainda não era chegada a sua hora”.
O verso 55 diz que “estava próximo a Páscoa dos Judeus”. Uma festa que tinha um significado de libertação, mas naquela época foi uma festa de morte. Vejamos o que nos diz o texto: (verso 56-57): “Lá, procuravam Jesus e, estando eles no Templo, diziam uns aos outros: Que vos parece? Não virá ele a Festa? Ora os principais sacerdotes e os fariseus tinham baixado uma ordem: quem soubesse onde Jesus estava, devia denunciá-lo, afim de o prenderem”.
A estratégia do Sinédrio é envolver o povo para não “sujar” as mãos. Aqui está a grande ironia: pois o povo deve subir dias antes à Jerusalém a fim de purificar-se das eventuais impurezas. Poderá o povo purificar-se na fonte da corrupção?
Transição: Diante de tal situação o capítulo 13 nos abre para o Grande Sinal que está representado no LAVA-PÉS, o DISCURSO DE DESPEDIDA e a CRUCIFICAÇÃO.
CONCLUSÃO:
É nestes 7 Sinais e no Lava-Pés que Jesus demonstra o amor, o serviço, a partilha, ou seja o verdadeiro DOADOR DA VIDA. Portanto, anunciamos “As 7 Palavras da Paixão” [Colaboração de Luiz Carlos Ramos, disponível em http://www.luizcarlosramos.net/ acessado em 02/04/2010].
1ª. PALAVRA DA PAIXÃO: [Lucas 23.33-34] PERDÃO
E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.
2ª. PALAVRA DA PAIXÃO: [Lucas 23.41-43] PROMESSA DO PARAÍSO
Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, porém, o outro, repreendeu-o, dizendo: nós, com justiça, recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.
3ª. PALAVRA DA PAIXÃO: [João 19.26-27] FAMÍLIA
E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria mulher de Cléopas, e Maria Madalena. Ora, Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.
4ª. PALAVRA DA PAIXÃO: [Mateus 27.45-46]ABANDONO
E, desde a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona. Cerca da hora
nona, bradou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lama sabactani: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
5ª. PALAVRA DA PAIXÃO: [João 19.28] FINITUDE
Depois, sabendo Jesus que todas as coisas já estavam consumadas, para que se cumprisse
a Escritura, disse: Tenho sede.
6ª. PALAVRA DA PAIXÃO: [João 19:30] MISSÃO CUMPRIDA
Então Jesus disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
7ª. PALAVRA DA PAIXÃO: [Lucas 23.46] ENTREGA
E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou.
Que possamos relembrar esse momento de crucificação, como uma entrega de nossas vidas a Jesus pelo seu Supremo e Único sacrifício feito por todos nós!
Amém!
Boa Páscoa!
Pr. José Geraldo Magalhães Jr.
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Bibliogrfia consultada:
Como Ler o Evangelho de João: o Caminho da Vida JOSE BORTOLINI Paulus, 1990, 208p. 8534902461 Livros: Religião: Bíblia
Bibliogrfia consultada:
Como Ler o Evangelho de João: o Caminho da Vida JOSE BORTOLINI Paulus, 1990, 208p. 8534902461 Livros: Religião: Bíblia
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