Entrega teu caminho ao Senhor... |
O Salmo 37 tem sido usado para justificar a teoria da prosperidade. Segundo essa teoria, o justo, isto é, o crente fiel não passará fome. Eu já vi e ouvi pessoas abastadas justificarem suas recusas em ajudar o semelhante com este texto.
Será que este texto pode ser tomado para essa finalidade? Esta é uma questão importante para o testemunho da igreja. Vamos entender e interpretar o Salmo 37?
Eis que!
Javé apoiará sua mão.
Jovem já fui,
também envelheci;
mas não vi um justo ser abandonado,
e sua descendência procurar pão (Sl 37,25).
Vamos interpretar o verso 25.
(1) Não se pode isolar o verso 25 dos demais versos do Salmo 37.
(2) É preciso entender o momento de vida que o salmista passava ao compor esta poesia.
(3) Havia um conflito entre justos e injustos nos dias do salmista. Esse conflito trazia-lhe muita preocupação. Este assunto é muito comentado em outros textos:
... invejei os arrogantes, vendo a prosperidade dos malvados (Sl 73,3).
Por que prospera o caminho dos malvados?
Por que os apóstatas estão em paz? (Jr 12,1b).
Socorro, Javé! Não há mais homem fiel!
A lealdade desapareceu dentre os filhos de Adão (Sl 12,2).
O autor do Salmo 37 também estava preocupado com a aparente vida vitoriosa dos arrogantes, presunçosos e orgulhosos de sua condição social.
Não te irrites por causa dos maus,
Nem invejes os que praticam injustiça (Sl 37,1).
O conflito, que o salmista está descrevendo, tem dois grupos em duelo:
(1) De um lado, o salmista usa, doze vezes, um adjetivo para caracterizar o grupo adversário: raxa´, malfeitor. menciona (v. 1a e 9) a existência dos mere´im, imprestáveis, ruins, nocivos, perigosos, mesquinhos (da raiz ra´a´); ele também menciona a presença dos que ´asah ´awelah, os que fazem perversidade ou produzem o erro (v.b) e daquele que fabrica plano vil, mezimah (v. 7b).
(2) Do outro lado estão os sadikim, justos (v.12.16.25.29.32.39), o `ebion, empobrecido (v.14), o yaxar, correto, honesto (v.14. 37), os hasidim, bondosos, piedosos (v.28) e o tam, íntegro (v.37). O salmista descreve a ação dessas pessoas desta forma:
- confiam em Javé, fazem o bem e apascentam a fidelidade (v.3);
- depositam alegria em Javé (v.4);
- deleitam com paz abundante (v.11)
- recebem apoio de Javé (v.17);
- Javé conhece os dias dos íntegros (v.18);
- os justos não se envergonharão nos dias maus/fome, porque Javé os saciará (v.19);
- os justos se compadecem e dão (v. 20);
- Javé firma os passos do jovem geber (v.23);
- Javé sustenta os jovens pela mão (v.24);
- Javé não deixa sua descendência mendigar o pão (v.25);
- a descendência do jovem é uma bênção (v. 26);
- Javé dará habitação para sempre (v.27);
- Javé jamais abandona os seus fiéis (v. 28);
- os justos possuirão a terra e habitarão nela para sempre (v.29);
- a boca do justo medita sabedoria e fala o direito (v.30);
- o justo tem no coração a instrução e os seus passos nunca vacilam (v.31);
- há uma posteridade para o homem pacífico (v.37);
- a salvação e a fortaleza nos tempos de angústia vêm de Javé (v.39);
- Javé ajuda e liberta os justos (v.40).
Assim, a afirmação - não vi um justo ser abandonado, e sua descendência procurar pão (Sl 37,25) - tem que ser lida, entendida e interpretada à luz do sustento, apoio, cuidado e ajuda de Deus ao justo.
Conseqüentemente,
(a) ser justo não é um título conquistado através do cumprimento de certas formalidades;
(b) ser justo é conseqüência da prática de fé; não importa a riqueza ou a posição social.
(c) o justo não é abandonado ou mendiga pão por seus próprios méritos, mas porque Deus o sustenta.
Assim afirma Isaías:
Ele faz forte ao cansado,
E multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.
Os jovens sse cansam e se fatigam,
e os moços de exaustos caem,
mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças,
sobem como águias,
correm e não se cansam,
caminham e não se fatigam (Is 40,29-31).
Colaboração das aulas de exegese na Faculdade de Teologia da Igreja Metodista co o professor, Dr. Tércio Siqueira.
1 comentários:
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