segunda-feira, 12 de setembro de 2011

História da Beleza

Me aventurei a ler um livro sobre a História da Beleza do italiano, Humberto Eco. Saí um pouco do "padrão" teológico dos textos aqui postados. O autor é conhecido pelos romances, como por exemplo, "O Nome da Rosa". Espero que as mais de 400 páginas possam ser uma verdadeira viagem pela História da Beleza percorrendo a Grécia e Roma antigas, sobretudo, desfrutando de textos de Platão, Kant, Dante, Engel e outros clássicos para entender a história do homem, da arte, sobretudo, do olhar. Esse livro foi uma inspiração para escrever  o texto abaixo.
Desde a antiguidade que existem padrões de estética que, de certa forma, foram se adaptando com o passar dos anos. Sem dúvida alguma, no século XX, houve uma evolução da beleza e do bem-estar. Neto (1996) chega afirmar que “o corpo é à base da percepção e organização da vida humana nos sentidos biológico, antropológico, psicológico e social”[1]. Desta forma, podemos considerar os sentidos do agir, sentir, pensar, falar que representam os modos e estilos de vidas diferentes se levarmos em consideração determinado grupo social.
A História da Beleza de Humberto Eco é uma das obras clássicas que tratam o tema. O escritor italiano conhecido por romances, como por exemplo, O Nome da Rosa, descreve um improvável explorador do futuro que retorna ao recém terminado século XX para descobrir o que era acatado belo em nosso tempo, Eco declara: “(o explorador) Será obrigado a render-se diante da orgia de tolerância, de sincretismo total, de absoluto e irrefreável politeísmo da Beleza”[2]. O que mais cativa na leitura da obra, é a erudição de Eco sem ser pedante em momento algum.
Antes de chegar ao século XX, ele passeia pela Grécia e Roma antigas, pela Idade Média, Renascimento, pela estética vitoriana do século XIX, se apoiando, sobretudo, nas obras de Platão, Kant, Dante, Hegel e Kafka. Uma verdadeira viagem pela história do homem, da arte e, principalmente, do olhar.
Diante desse fenômeno explorado, principalmente no século XX e XXI, o corpo é socialmente construído como parte da cultura que nos leva a interpretá-lo, seja para embelezar ou marcar uma determinada classe social como pertencimento ou exclusão a determinado grupo na sociedade. O corpo é, e sempre será submetido a vários tipos de transformações, mesmo que para isso seja preciso ocorrer algumas alterações de valores para o meio em que vive.
Ao abordar o século XX em A História da Beleza, Eco pesquisa temas como a estética do consumo (a beleza atrelada ao valor comercial dos produtos) tão presente na primeira década do século XXI. Será o corpo uma máquina em ação? Segundo Mendes e Nóbrega[3] (2004. P.25) o corpo humano recebe uma instrução que o analisa apenas em sua aparência mecânica, ou seja, abre-se a possibilidade para uma remodelação e reconstrução transformando-o em um objeto rentável.

Nunca se falou tanto do corpo como hoje, nunca se falará tanto dele amanhã. Um novo dia basta para que se inaugure outra academia de ginástica, alongamento, musculação; publiquem-se novos livros voltados ao autoconhecimento do corpo; descubram-se novos preconceitos quanto à sexualidade, outras práticas alternativas de saúde; em síntese, vivemos nos últimos anos perante a incontestável re-descoberta do prazer, voltamos a dedicar atenção ao nosso próprio corpo[4]. (Codo e Senne 1985.)

 Frente a essa relação instituída com o corpo, que traçamos nosso parecer sobre a cultura atual e a inquietação com a estética, pois além da busca inconstante pelo belo há, de acordo com Neto (1996), um "narcisismo e um individualismo exacerbados que levam as pessoas a acreditar no elixir da vida, em poções mágicas, na juventude eterna".
A busca por um determinado “padrão” estético tem levado ao consentimento público de desiguais, recursos para se chegar a esse tipo ideal de corpo exigido ou idealizado pela sociedade. A filósofa norte-americana, Susan Bordo (1993), advoga que a fantasia de estabelecer um corpo perfeito e esteticamente belo, é nutrida pelo capitalismo consumístico. Ela aponta ainda que uma indústria e uma ideia alimentada pela fantasia da reconstituição corporal sem limites, também representa uma provocação à moralidade, à historicidade, e à própria materialidade do culto ao corpo[5] (Bordo, 1993).
As sociedades modernas impõem às pessoas uma responsabilidade pelo belo, ou seja, pela plasticidade do seu corpo. Logo, tanto os homens como as mulheres buscam uma aparência desejável mesmo que para isso, elas precisam sofrer alguns transtornos à saúde provocados, por exemplo, pela bulimia e o uso impróprio de anabolizantes.


[1] NETO, Samuel de Souza. Corpo, cultura e sociedade. In: NETO, Samuel de Souza. Corpo para malhar ou corpo para comunicar? São Paulo: Cidade Nova, 1996, p. 09-37.
[2] Eco, Umberto. História da Beleza; trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Record, 2004. Pág. 428. 
[3] MENDES, Maria Isabel Brandão de Souza; NÓBREGA, Terezinha Petrucia. Corpo, natureza e cultura: contribuições para a educação. Revista Brasileira de Educação, n.27, p. 125-137, set/out/nov/dez 2004.
[4] CODO, W; SENNE, W. O que é corpo(latria)? São Paulo: Brasiliense, 1985.
[5] BORDO, Susan. Il peso del corpo. Milano: Feltrine, 1993.

1 comentários:

Anônimo disse...

Olá só passei para desejar muitas bênçãos sobre você e sua família. Que Deus continue abençoando esta obra. Abraços e fique na paz do Senhor
http://www.mensagensedificantes.com/

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