sábado, 23 de outubro de 2010

Teologando com duas teologias

José Geraldo Magalhães Júnior

Essa reflexão pessoal tem como objetivo destacar as duas linhas teológicas: a teologia da libertação e a teologia integral. Primeiramente precisamos entender que a teologia estuda o discurso, a imagem sobre Deus, pois ela não pode discutir Deus porque quando se discute sobre Deus, obviamente está discutindo sobre algo e, se transformarmos Deus em algo, isto é idolatria. Portanto, a maioria das teologias cai na idolatria.

Para entender a teologia é preciso de três elementos: a revelação, fé e razão. A teologia nasce de uma prática concreta de fé. Isso é Teologia da Libertação. Para se entender essa teologia, é preciso enxergar, refletir e agir (VER, JULGAR e AGIR); é uma prática da vida real das pessoas. Não se desenvolve ou se faz teologia desconectado da vida real. Em outras palavras o teólogo tem que ter experiência e não discurso.

A Teologia da Missão Integral é a comunicação e presença do Evangelho. Queremos dizer com isso que, essa teologia correlaciona comunicação e presença, sem colocar um sinal de igualdade entre essas realidades. A comunicação na Teologia da Missão Integral, tem seus desdobramentos sociais porque convoca as pessoas e comunidades ao arrependimento e ao amor pelos outros em todas as áreas da vida, além de ver o compromisso social como comunicação e presença, ela é a proclamação da boa nova que se dá por meio do testemunho da graça de Deus.

Um de seus pilares é a diaconia, que em seu sentido cristão significa serviço ao próximo. Diante da alegria pelo que Deus tem feito, ao abençoar as vidas, a Missão Integral propõe como resposta a promoção da diaconia. Nesse sentido, Missão Integral e diaconia são expressões que não podem vir separadas.

Percebemos a diaconia nas primeiras comunidades cristãs, que reflete os testemunhos de fé por meio da vida solidária (At 2.44-45; 4.32-35), já que, como disse Paulo, "se um membro sofre todos sofrem com ele" (1Co 12.26). O fundamento dessa ação solidária repousa nos ensinos e prática de Jesus Cristo. Por isso, para a Missão Integral, o amor a Deus só é possível se este alcança o próximo (1Jo 4.20).

Na prática, amar ao próximo consiste em propiciar dignidade humana e reintegração na sociedade (Mt. 9.35ss). Por seu ministério e morte, Cristo assumiu a fraqueza humana e sofreu o poder de morte do mundo para, então, superá-los. Assim, a Teologia da Missão Integral desafia ao testemunho do amor de Deus, enquanto ação solidária.

Essas duas linhas teológicas nos ajudam a refletir sobre as realidades das igrejas locais que padecem por uma falta de originalidade e criatividade. Para se trabalhar e desenvolver propostas reais na comunidade, o pesquisador Richard Niebuhr detaca:

Ser responsável é ser capaz e ser requerido a prestar contas de alguma coisa a alguém. A idéia de responsabilidade, com a liberdade e a obrigação que ela implica, tem seu lugar no contexto das relações sociais. Ser responsável é ser um ser na presença de outros seres, em quem se está vinculado e para quem se é capaz de responder livremente; responsabilidade inclui serviço ou cuidado com as coisas que pertencem à vida comum dos seres.

O homem terá de prestar contas a Deus, tanto das coisas boas como das más (Rm 14.12). Por essa razão, é necessário incluir nos membros das igrejas a mentalidade que a igreja é responsável. Segundo o pensamento de Niebuhr a comunidade universal tem membros, e a igreja universal está dentro dessa comunidade que deve prestar contas a Deus. A igreja só é igreja porque é de Cristo. Niebuhr aponta os três tipos de igrejas: Mundana, Isolada e Apostólica ou Pioneira.

Desta descrição geral da responsabilidade da Igreja nós nos movemos agora para a consideração de sua prestação de contas da sociedade. A natureza da última deve ser iluminada para nós de alguma forma se nós consideramos, antes de tudo, os caminhos nos quais a Igreja tem sido e pode ser socialmente irresponsável. Dois tipos de tentações parecem prevalecer especialmente na história: a tentação do mundanismo e a do isolacionismo.

As igrejas Mundanas e Isoladas são aquelas que o autor as chama de irresponsáveis, que se isolam em seus mundos sem prestar contas à sociedade. A mundana é calada, muda e recebe benefícios para si próprios. O que ele chama de igreja responsável é a Apóstola, Pastora e Pioneira. Porque apóstola é enviada a falar a pessoas e grupos. Já pioneira é aquela que vai à frente mostrando ao mundo as coisas a cerca de Deus. E Pastora é a que vê e cuida dos sofrimentos da sociedade. Esse seria um modelo adequado de igreja na sociedade.

Não podemos distorcer ou interpretar a missão da Igreja. Padilla trata questões em O Que É Missão Integral? Sobre o Evangelho de Jesus Cristo como sendo uma mensagem pessoal e, ao mesmo tempo, um Deus que se revela a cada indivíduo chamando-os pelo nome e um Deus com um propósito de abarcar todo o mundo. Existe uma falta de valorização das dimensões mais amplas do evangelho o que, de certa forma, tem gerado uma distorção da missão da igreja. O autor defende que “a obra de Deus em Cristo Jesus tem a ver diretamente com o mundo em sua totalidade, não meramente com indivíduo”.

Acreditamos que a ação social é o caminho e, o propósito da evangelização é conduzir o homem a uma reorientação de sua vida. E a salvação não é exclusivamente o perdão dos pecados, mas a transferência do domínio das trevas à esfera onde Jesus é reconhecido como Kyrios (Senhor) de todo o universo.

Temos percebido que essas atividades têm motivado os membros com atitudes concretas, pois não estamos indo à igreja somente para adorar a Deus, mas para promover a vida aqueles e aquelas que não tinham esperança. Isso é fazer teologia!


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