quarta-feira, 2 de julho de 2008

Uma semelhança ruim

Por José Geraldo Magalhães Júnior

Curitiba que já foi considerada umas das cidades modelos do Brasil, agora entra para a história com um crime bárbaro. Semelhante ao caso de Isabella Nardoni em São Paulo, dia 29 de março, a auxiliar de enfermagem Tatiane Damiane de 41 anos, jogou sua filha de oito meses, Mariane Damiane Teixeira, do sexto andar do prédio onde mora nesta seguda-feira, dia 30, no centro de Curitiba. Semelhança ou não, tanto Isabella como Mariane foram jogadas do sexto andar onde moravam. Porém, a acusada de Curitiba foi presa em flagrante e não negou o crime. Segundo a mãe da menina em interrogatório com o delegado, Antonio Carlos de Macedo, ela planejava suicidar também, mas não teve coragem. A “assassina” como foi chamada por vizinhos, disse que queria se livrar do “pacote” e “não me arrependo”. A avó da menina diz que Tatiane “tem transtorno bipolar (doença em que a pessoa sofre mudanças abruptas de personalidade), mas estava em tratamento”. A polícia vai investigar o caso. Será que essa moda vai pegar? Espero que não. É preciso preservar a vida como dom maior que Deus nos deu.

No dia 4 de abril enquanto o pastor metodista, Paulo de Tarso, participava de um evento em Serra Negra, SP, a vida de seu filho Paulinho de 16 anos em São Mateus/ES foi tirada por um menor que o assaltou. Cabe a pergunta: Onde estava Deus, enquanto o pastor buscava a renovação dos dons para a sua vida? Nos casos citados acima, algumas pessoas podem dizer que criminosos estavam longe de Deus ou não eram cristãs, mas e o caso do pr. Paulo de Tarso? O Frei Carlos Mesters relata sobre “o drama de todos nós” ao estudar sobre a vida de Jó.

"Jó perdeu tudo. Sua dor era grande, inimaginável! E o pior, ele não sabia por que é que estava sofrendo tudo isso. (...) Na opinião do povo daquele tempo só tinha uma explicação: castigo de Deus! Jó devia ser um grande pecador!" (MESTERS, 1999).

Quando Jó recebe a notícia da morte de seus filhos, ele com o rosto em terra adora a Deus dizendo: “nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!” (Jó 1.21). Difícil coisa é bendizer a Deus num momento desses, na hora da perda! Quase sempre se pergunta a Deus o porquê isso acontece. Não sei se exclamaria como Jó ou como Jesus: “Deus meu, Deus meu! por que me desamparaste?” (Mt 27.46).

Quero concluir dizendo que são tantas “Isabelas”, “Marianas” e “Paulinhos” que têm suas vidas arrancadas violentamente; Jó perdeu sua família inteira, e em todas as suas queixas com Deus não pecou (Jó 2.10). A história de Jó está presente na vida de cada ser humano. É realista. Jó e seus amigos representam à humanidade caminhando pela estrada da dor, discutindo sobre os sofrimentos da vida. Que essa humanidade diante da violência urbana que mata Isabelas, Paulinhos, Marias e tantos outros, possa dizer como Jó: “Por que eu sei que o meu Redentor vive...” (Jó 19.25) e apesar de tudo, “ainda que dizes que não o vês, a tua causa está diante dele; por isso, espera nele” (Jó 35.14).

José Geraldo Magalhães Júnior

Bibliografia: MESTERS, Carlos. Deus Onde Estás? Uma Introdução Prática à Bíblia. Editora Vozes, 11ª Ed. Petrópolis 1999.

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