sexta-feira, 4 de julho de 2008

Aplicação seletiva da lei

Leia Jeremias 31.31-34
Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti. Salmo 119.11
Um dia, enquanto ia de ônibus para o trabalho, o motorista bloqueou um outro ônibus ao fechar um cruzamento para apanhar passageiros. Aparentemente, ele se amparava na lei de trânsito que proíbe um veículo de se chocar contra outro por trás, mas esquecia-se da lei que proíbe um veículo de obstruir o tráfego. Ocorreu-me que muitos de nós nos sentimos muito à vontade para aplicar a lei quando ela nos favorece e desrespeita-la quando não nos convém. Fiz outra comparação: muitas vezes, apontamos um dedo de acusação a irmãos e irmãs quando estão no lado errado da lei, mas pedimos misericórdia quando nós estamos no caminho oposto.
Permanecemos cegos aos nossos erros, mesmo quando apontamos os erros alheios. Todos nós somos suscetíveis à tentação. No entanto, podemos superar a fraqueza guardando a lei de Deus em nossos corações de forma que ela aja como uma lâmpada para nossos pés e luz para nossos caminhos (Sl 119.105). A luz de Deus nos mostrará quando vemos os erros dos outros e permanecemos cegos aos nossos próprios pecados. Quando percebemos nossos erros, podemos deixar de ser críticos e mostrar compaixão para com os outros, enquanto procuramos conduzi-los a Deus.
Oração: Deus amoroso, ajuda-nos a manter Tua palavra em nossas mentes e inscrever Tuas leis em nossos corações para que não pequemos contra Ti. Em nome de Jesus. Amém.
Pensamento para o dia: Hoje serei mais paciente com as pessoas.
Philip Polo (Nairóbi, Quênia)
Oremos pelas pessoas que sofrem de irritação no trânsito.
Fonte: No Cenáculo
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quarta-feira, 2 de julho de 2008

Uma semelhança ruim

Por José Geraldo Magalhães Júnior

Curitiba que já foi considerada umas das cidades modelos do Brasil, agora entra para a história com um crime bárbaro. Semelhante ao caso de Isabella Nardoni em São Paulo, dia 29 de março, a auxiliar de enfermagem Tatiane Damiane de 41 anos, jogou sua filha de oito meses, Mariane Damiane Teixeira, do sexto andar do prédio onde mora nesta seguda-feira, dia 30, no centro de Curitiba. Semelhança ou não, tanto Isabella como Mariane foram jogadas do sexto andar onde moravam. Porém, a acusada de Curitiba foi presa em flagrante e não negou o crime. Segundo a mãe da menina em interrogatório com o delegado, Antonio Carlos de Macedo, ela planejava suicidar também, mas não teve coragem. A “assassina” como foi chamada por vizinhos, disse que queria se livrar do “pacote” e “não me arrependo”. A avó da menina diz que Tatiane “tem transtorno bipolar (doença em que a pessoa sofre mudanças abruptas de personalidade), mas estava em tratamento”. A polícia vai investigar o caso. Será que essa moda vai pegar? Espero que não. É preciso preservar a vida como dom maior que Deus nos deu.

No dia 4 de abril enquanto o pastor metodista, Paulo de Tarso, participava de um evento em Serra Negra, SP, a vida de seu filho Paulinho de 16 anos em São Mateus/ES foi tirada por um menor que o assaltou. Cabe a pergunta: Onde estava Deus, enquanto o pastor buscava a renovação dos dons para a sua vida? Nos casos citados acima, algumas pessoas podem dizer que criminosos estavam longe de Deus ou não eram cristãs, mas e o caso do pr. Paulo de Tarso? O Frei Carlos Mesters relata sobre “o drama de todos nós” ao estudar sobre a vida de Jó.

"Jó perdeu tudo. Sua dor era grande, inimaginável! E o pior, ele não sabia por que é que estava sofrendo tudo isso. (...) Na opinião do povo daquele tempo só tinha uma explicação: castigo de Deus! Jó devia ser um grande pecador!" (MESTERS, 1999).

Quando Jó recebe a notícia da morte de seus filhos, ele com o rosto em terra adora a Deus dizendo: “nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!” (Jó 1.21). Difícil coisa é bendizer a Deus num momento desses, na hora da perda! Quase sempre se pergunta a Deus o porquê isso acontece. Não sei se exclamaria como Jó ou como Jesus: “Deus meu, Deus meu! por que me desamparaste?” (Mt 27.46).

Quero concluir dizendo que são tantas “Isabelas”, “Marianas” e “Paulinhos” que têm suas vidas arrancadas violentamente; Jó perdeu sua família inteira, e em todas as suas queixas com Deus não pecou (Jó 2.10). A história de Jó está presente na vida de cada ser humano. É realista. Jó e seus amigos representam à humanidade caminhando pela estrada da dor, discutindo sobre os sofrimentos da vida. Que essa humanidade diante da violência urbana que mata Isabelas, Paulinhos, Marias e tantos outros, possa dizer como Jó: “Por que eu sei que o meu Redentor vive...” (Jó 19.25) e apesar de tudo, “ainda que dizes que não o vês, a tua causa está diante dele; por isso, espera nele” (Jó 35.14).

José Geraldo Magalhães Júnior

Bibliografia: MESTERS, Carlos. Deus Onde Estás? Uma Introdução Prática à Bíblia. Editora Vozes, 11ª Ed. Petrópolis 1999.

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terça-feira, 1 de julho de 2008

Bioética

Os Valores Cristãos

Por José Geraldo Magalhães Júnior

O texto de Lino Rampazzo: Antropologia, religiões e valores cristãos, agregam conhecimentos e valores em um tema atual, principalmente no que tange respeito à Bioética. Ciência e religião sempre foram motivos de discussões entre os cientistas, teólogos e religiosos. No texto de Rampazzo o autor trabalha questões da pós-modernidade, ele afirma que esta entrou em crise, ou seja, essa crise é caracterizada pela decepção em relação à ciência e a técnica. Por outro lado, essa decepção é considerada cada vez pior em relação ao meio ambiente, guerras, injustiças, desigualdades sociais entre outras. Ele afirma que:

"A ciência, assim, está perdendo seu valor como fonte de sentido e deixa, com a técnica, de ser considerada cada vez mais como princípio válido de orientação cultural. Esta crise das forças de configuração dos tempos modernos tem necessariamente seus efeitos sobre o que há de íntimo mais no homem do Ocidente, e coloca em xeque seu pensar, seu agir e seu sentir. Nasce uma crescente insegurança quanto ao futuro". (RAMPAZZO, 2004, P.160)
Nesse sentido existe um retorno ao sagrado devido à grande pluralidade de igrejas. Por essa razão, o sagrado vem sanar as carências e feridas de uma sociedade que tecnicamente produziu e produzem, guerras, materiais bélicos atômicos capazes de destruir toda a vida existente no planeta, uma péssima destruição de renda em nível mundial e a globalização que traz a tona o desemprego. Para escapar dessa realidade, o homem reage ao oposto buscando a emoção, harmonia e instituição. Junto com essa busca aparecem vários tipos de surtos religiosos, por exemplo, esoterismos, promessas de cura, práticas de ocultismo mágico entre várias outras.

Nessas ondas místicas do campo religioso, existe um fator importante que são as tradições das religiões orientais e a tradição bíblico-cristã no Ocidente. Na primeira a mística associa-se mais a uma comunhão com o mundo divino que o ser humano aspira mediante o esforço, exercícios e técnicas. Por outro lado, a mística ocidental é uma iniciativa gratuita de Deus de atrair para si a criatura. Antropologicamente Rampazzo afirma que as pessoas buscam um desejo irreprimível de imergirem-se no seu interior, à busca de sua própria realidade e, no interior se deparam com um núcleo que irradia para todos os lados:
"Para trás, captando o histórico existencial. Para o lado tecendo relações novas e criativas com as pessoas e com o cosmos. Para cima, suspirando por encontros maiores com o transcendente. Para frente, lançando em projetos novos e prenches de esperança. Para baixo, descobrindo as camadas mais profundas do eu". (RAMPAZZO, 2004, p.163).

A experiência do Deus judaico-cristão situa-se na ordem do sentido e não do sagrado que atemoriza. Essas ondas místicas fizeram que uma nova fase surgisse: a do diálogo inter-religioso. Mas, diálogo não significa renúncia à própria identidade, porém é nesse diálogo que se descobre as múltiplas faces do divino, por exemplo, Rampazzo cita a cultura ocidental que se formou com “Atenas” e com “Jerusalém”. Foi em Atenas que o “mithos” passou para “logos”, que quer dizer o abandono de uma representatividade religiosa do mundo para um conhecimento lógico.
Bibliografia: RAMPAZZO, Lino. Antropologia, religiões e valores cristãos. Editora Loyola, 3ª ed., 2004.
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