quinta-feira, 14 de maio de 2009

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Autonomia 1930


Made in Brazil
A vida de missionários americanos que fizeram história em nosso país


Fonte: www.metodista.org.br

Da esquerda para a direita, na primeira fila: Derrel Santee, John Betts, Marion Way, Anita Way. Segunda fila: Edith Long Schisler, Francis Tims, Gladys Betts, Phyllis Reily, Wilma Roberts. Terceira fila: Maria Delci Smith, Paloma Goodwin, Dorothy Santee, Steve Newnum, Maria Newnum. Última fila: Ed Tims, Donald Raffan, Jim Goodwin, Stan Fry, “Pete” Peterson Steve. Esta foto realizada durante o Encontro de Missionários e Missionárias da Igreja Metodista, que aconteceu em novembro de 2006, em Florianópolis. durante cinco dias, o grupo compartilhou de devocionais, momentos de louvor e reflexões sobre a sociedade e a Igreja. “A língua nativa muitas vezes cedeu lugar ao português, que surgia sem que as pessoas se dessem conta que haviam mudado de idioma, o que mostra a profunda aculturação desses homens e mulheres que mesmo, após findado o tempo de serviço, decidirampermanecer no país que também consideram suapátria. A necessidadede ampliar o ensino no campo da unidade cristã e das raízes metodistas e wesleyanas foram debatidas e apontadas como desafio das lideranças da Igreja Metodista”, conta Maria Newnum.

No dia 02 de setembro de 2007 a Igreja Metodista celebrou 77 anos como igreja brasileira autônima. Mas a proclamação de sua autonomia, no ano de 1930, não impediu que continuasse a receber missionários e missionárias dos Estados Unidos.Nos anos seguintes, muitas pessoas oriundas da Igreja Metodista Unida dos Estados Unidos – e também da Alemanha e da Igreja Unida do Canadá – vieram para se unir em laços fraternos na missão com a Igreja Metodista no Brasil. Hoje, o número de missionários e missionárias estrangeiros diminuiu significativamente. A maioria dos que vivem aqui é de aposentados(as) que escolheram o país como sua casa.

No contexto atual, é a Igreja Metodista brasileira que envia pessoas para fora... em número pequeno, é verdade, mas, ainda assim, invertendo a realidade do passado. Além disso, com a nomeação de pessoas formadas pelos seminários regionais para as funções de “missionários designados”, diminuiu a necessidade de ter gente de fora.
Mas, quais são as experiências e reflexões daqueles e daquelas que dedicaram suas vidas servindo aqui no Brasil? Infelizmente não foi possível localizar alguns. Outros(as) já foram recolhidos pelo Pai. Compartilhamos aqui três histórias, a partir das quais nos lembramos que a Igreja não é feita de edificações ou números no rol de membros: a Igreja é constituída por pessoas, irmãs e irmãos amados por Deus, gente que merece consideração, respeito e carinho.
O primeiro relato é de um casal missionário aposentado que escreveu dos Estados Unidos, a segunda é de um missionário que voltou para os Estados Unidos, mas depois de algum tempo resolveu escolher o Brasil como seu lar e a terceira é do próprio autor desta reportagem: o pastor Stephen Newnum, o “Steve”, missionário americano que está ativo no Brasil.

Poeira vermelha

O Rev. Raymond Noah e sua esposa Cleo, que agora vivem em Kansas e têm um dos seus filhos no Brasil, trabalhando em Londrina, escreveram:"Eu e minha esposa Cleo escolhemos ir ao Brasil quando voltamos aos Estados Unidos, em 1965, depois de servirmos na África. O Bispo Wilbur Smith nos convidou a “enfrentar as nuvens de pó para levar o Evangelho a uma área inteiramente nova”. Nossa nomeação (janeiro de 1967) era para viver em Cascavel, estabelecer uma Igreja Metodista lá e qualquer outro lugar dentro um raio de 150 km no parte oeste do estado do Paraná. Também incluiu a igreja em Laranjeiras do Sul, 150 km ao leste de Cascavel que não tinha um pastor em dez anos. Estávamos familiarizados com as “nuvens de pó” do Kansas e das viagens nas estradas em Angola e Zimbábue. Mas o pó vermelho do Paraná superou os demais!
Na África, nossa experiência era trabalhar na Missão Central, onde estávamos em contato quase diário com outros missionários. Assim, para nós foi um choque forte começar a trabalhar em Cascavel, 300 km distantes de qualquer missionário da Igreja Metodista, sem automóvel para viagens, nenhum dinheiro para comprar materiais para uma Escola Dominical ou outras necessidades por nosso trabalho.

O Bispo nos enviou dinheiro para comprar um terreno com uma casa velha em Cascavel que poderia ser usado como um lugar de reunião. Depois de vários meses, pudemos comprar uma Kombi para viajar. Desnecessário dizer que era um começo lento. Estávamos em Cascavel sete anos e ao final daquele tempo uma congregação metodista foi estabelecida em Cascavel com uma capela nova para adoração. A igreja em Laranjeiras estava crescendo e nós estávamos visitando 19 outros pontos de pregação em pequenas cidades e fazendas ao redor de Cascavel, alguns até 100 km de distância. Nossa segunda nomeação foi para a cidade de Umuarama, com experiências semelhantes, também servindo em vários outros pontos na área. Nós servimos lá oito anos.
Hoje, Cleo e eu estamos ambos com 88 anos de idade e completamos 65 anos de matrimônio em dezembro. Nosso filho Melvin e sua esposa Fran trabalham com a OMS em Londrina há 35 anos. Nossos outros três filhos e suas famílias vivem nos Estados da Flórida, Oregon e West Virginia."



Capela ambulante

Stanley Fry serviu cinco anos no Brasil, voltou para os Estados Unidos e depois retornou ao Brasil, após o casamento com Edith Long Schisler, missionária viúva. Stan conta sua experiência:
"Em 1950, a Igreja Metodista brasileira recebeu seu primeiro contingente de missionários(as) para América Latina, com contrato de três anos. Acredito que, dos 50 que foram para América Latina, 18 foram nomeados(as) para vários lugares no Brasil. Fui nomeado para trabalhar com Charles Clay, no escritório da Junta Geral de Educação Cristã. Pediram-me que editasse a pequena brochura promocional chamada “Brazil Calls” (Brasil Chama), que foi enviada para todas as igrejas nos Estados Unidos que apoiaram missionários(as).
Igrejas no estado de Texas que apoiaram trabalhos missionários haviam enviado, pouco tempo antes, a primeira de duas “capelas ambulantes” que foram equipadas com jipes com um gerador de força, um projetor e alto-falantes montados em cima. Ralph Nance era o pastor de Texas que acompanhou o primeiro destes veículos. Fui nomeado por Charles para viajar com a capela ambulante como seu técnico. Era meu trabalho manter o gerador de força, o jipe na estrada e os alto-falantes funcionando bem.
Como falava pouco português naquela época, sempre tinha pelo menos um pastor que viajava comigo para pregar onde quer que fôssemos. Eventualmente pude fazer alguns dos anúncios públicos dos filmes e pregações nos alto-falantes enquanto dirigíamos para cima e para baixo nas ruas do vilarejo durante as tardes.
Os filmes sobre a Bíblia, higiene, etc. eram mostrados geralmente em uma parede branca em algum terreno baldio ao anoitecer e, é claro, a noite terminava com o pastor pregando o evangelho pelos alto-falantes. Uma vez pastor me mandou dirigir à zona de meretrício local e estacionamos no fim de uma rua com os alto-falantes apontados rua abaixo e ligados no alto. As meninas saíram dos seus lugares de negócio e ficaram em pé acenando e nos chamando, enquanto a pregação continuava.
Numa outra ocasião, colidimos com a oposição do padre local. Quando chegamos num vilarejo interiorano disseram-nos que o padre tinha vindo à escola local para anunciar a todas as crianças que a capela ambulante estava vindo e que elas deveriam ficar o mais longe possível, porque o Satanás estava andando na traseira. Desnecessário dizer, quase toda a cidade veio naquela noite quando os filmes eram projetados e o sermão pregado na praça central. Mas posso dizer com segurança que eles(as) ficaram desapontados por não ver nada de Satanás...
Depois fui nomeado para Itapecerica da Serra e Palmeiras como pastor. Quando retornei ao Brasil quase quatro anos atrás, descobri que essas duas igrejas tinham sido fundadas pela Rev. James L. Kennedy, o avô de minha esposa atual, Edith Long Schisler. Eu retornei lá recentemente e achei um pequeno museu que exibe vários quadros da antiga Igreja Metodista e suas congregações, como também o antigo órgão que estava em uso na igreja quando eu tinha servido lá mais de cinqüenta anos atrás.
Esses foram anos excitantes na vida da Igreja Metodista do Brasil, que na ocasião tinha somente 20 anos de autonomia. Foi durante esses cinco anos como missionário no Brasil que eu fiquei realmente apaixonado com o evangelho da graça, como ensinado por João Wesley e como pregado na Igreja Metodista do Brasil. Sem falar de outro fato marcante que foi meu casamento com minha primeira esposa, a Anita, uma dasmissionárias para América Latina que lecionou no Instituto Metodista em São Paulo. Nosso primeiro filho também nasceu durante esses anos e agora trabalha com dependentes químicos na Cidade de Nova Iorque e com crianças vivendo com AIDS na África do Sul. Esses anos foram formativos na minha vida e eu os agradeço."



Coração em duas igrejas
Robert Stephen Newnum, um dos missionários na ativa que hoje vive com sua segunda esposa Maria Newnum, conta:
"Quando entrei com o pedido para ser missionário, a missão nos Estados Unidos desejava pastores casados com brasileiras que não fossem metodistas. Sem saber disso, me encaixei diretamente no perfil, já que minha primeira esposa era católica quando nos casamos. Cheguei ao Brasil em 1980 com a família, que incluía duas crianças. Viemos os dois como missionários. Nossa primeira nomeação, depois de 9 meses para eu aprender o português em Campinas, foi para Joinville, para começar a Igreja Metodista. Fui sozinho a Joinville fazer os primeiros contatos, arrumar uma casa e tudo mais. Chegando lá, eu achava que estava falando o português, mas as pessoas respondiam: “Spreken de Deutch?”, ou seja, “você fala alemão? Eu fiquei num pânico enorme.
Me lembro que um dia, na praça do correio de Joinville, com a família ainda em Campinas, sentei e lamentei silenciosamente: Se morresse aquele dia, ninguém ia saber quem eu era! Estava completamente só. Apesar disso, as coisas foram se ajeitando. A maneira de ser da Igreja Metodista na Sexta Região foi bem diferente de minhas experiências anteriores e sentia saudades de um culto mais “litúrgico”. Mas aos poucos fui me adaptando. Em 1988, assumi outra nomeação que incluiu responsabilidades como professor no seminário regional. Desde então, tenho desenvolvido este ministério. Em 1990 adotamos uma filha brasileira, ela trouxe muita alegria. Agora, minhas três filhas moram nos Estados Unidos.
Depois do divórcio, casei-me em 2000 com Maria, que embora não seja missionária “oficial”, compartilha todas as minhas paixões e interesses. Amo a Igreja Metodista, mas me preocupo com certas linhas de ação que acontecem em vários lugares que aparentemente contradizem a sua trajetória histórica. Às vezes sinto na pele que pertenço a duas igrejas, a Igreja Metodista Unida dos Estados Unidos e a Igreja Metodista do Brasil. E há momentos que concordar com a atuação de uma contradiz outra! Mas amo as duas e Brasil, que é minha segunda pátria."
Stephen Newnum.


Textos históricos e sugestões de liturgia para a data, disponíveis no site da Igreja Metodista em Vila Isabel, RJ. CLIQUE AQUI.

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quarta-feira, 13 de maio de 2009

O crescimento da Igreja no Brasil


Fonte: www.metodista.org.br

• No Sul e Sudeste: A Igreja Metodista foi crescendo no Rio Grande do Sul, em São Paulo, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.

• No Norte e Nordeste:
Metodismo na Amazônia faz 125 anos
Igreja Metodista Episcopal do Pará foi a primeira igreja protestante da Amazônia
No dia 1º de julho de 2008 comemoramos 125 anos de fundação da Igreja Metodista Episcopal do Pará (1883), a primeira igreja protestante organizada na Amazônia, localizada na cidade de Belém do Pará.

É importante lembrar que a missão na Amazônia já estava no coração do metodismo desde 1835. Os primeiros passos do protestantismo na Amazônia foram dados pelo pastor Daniel Parrish Kidder. No entanto, a morte precoce de sua esposa o forçou a retornar aos EUA em 1839.
Somente a partir de 1880 é que veremos um trabalho missionário metodista mais consubstanciado. Em 16 de junho daquele ano, o Rev. Justus Nelson, sua esposa Fannie Nelson e o missionário William Taylor chegam a bordo do Vapor Colorado no Porto de Belém.

Rev. Justus Nelson e esposa Fannie Nelson. Belém, 1920 Foto cedida ao GEMA, Grupo de Estudos da Amazônia, pelo seu bisneto Brian Holden
O Rev. Justus Nelson veio ao Brasil como missionário da Igreja Metodista Episcopal, norte dos EUA. A missão era de sustento próprio. Logo ele tratou de trabalhar ministrando aulas de inglês nos dias úteis e cultos aos domingos. No dia 27 de junho de 1880, num armazém subalugado, ele celebrou o primeiro culto, ainda em inglês. Já em janeiro de 1881, abriu uma escola metodista chamada “Colégio Americano”. Contudo, em dezembro de 1882, após a epidemia de febre amarela que matou seu irmão John Nelson, sua cunhada que era casada com o outro irmão e a professora Hattie Bacheldar, o Colégio foi fechado. Justus Nelson, então, foi trabalhar como empregado numa loja comercial.

Mas estas dificuldades não apagaram a chama missionária da família Nelson. Ainda no final de 1882, o pastor Justus Nelson foi convidado para pregar o Evangelho em português na casa de Justiniano Rabelo Carvalho, na Rua do Rosário, nº 40. E como o espaço ficou pequeno, o culto semanal passou a ser realizado numa casa situada na Av. 29 de Agosto, nº 68, hoje, Av. Assis de Vasconcelos. Foi nesta casa que o povo chamado metodista da Amazônia fundou a Igreja Metodista Episcopal do Pará, testemunhando os desafios do Evangelho nas calorosas terras paraenses.

Eleito superintendente do Distrito Brasil, que incluía as missões metodistas do Pará, Pernambuco e Amazonas, Justus Nelson lançou a semente do Evangelho nas cidades de Benevides/PA, Santarém/PA e Manaus/AM. Tudo independente financeiramente da Igreja norte-americana e da tesouraria da Igreja local.

Em 1890, no dia 04 de janeiro, surge um dos maiores legados do pioneirismo metodista na Região: o jornal O Apologista Christão Brazileiro, “jornal religioso semanal para famílias, dedicado à propaganda da verdade evangélica”. Seu lema era: “saibamos e pratiquemos a verdade, custe o que custar”.

O Apologista Christão Brazileiro começou com uma periodicidade semanal e assim permaneceu de janeiro de 1890 até julho de 1891, período de maior fôlego do editorial, perfazendo em torno de setenta e seis edições. De agosto de 1891 até janeiro de 1892, o jornal passou a ser impresso quinzenalmente. A partir de fevereiro de 1892 até setembro de 1910, o jornal circulou mensalmente, sendo a cobertura de novembro a dezembro deste ano reunida num único número. Houve uma interrupção de sua publicação em 1910. Somente em 1925, ano de despedida da família Nelson de Belém, sairia a derradeira edição d’O Apologista, numa espécie de resumo de toda as obras empreendidas ao longo as mais de quatro décadas de missão na Amazônia.

Com o intuito de estudar sobre estas histórias que revelam os desafios enfrentados pelos nossos pioneiros e refletir sobre as interrupções e sucessos da dinâmica missionária da Igreja Metodista na Amazônia, em 2003 (300 anos de nascimento de João Wesley), nasceu o Grupo de Estudos do Metodismo na Amazônia - GEMA. E de acordo com recentes pesquisas do Grupo, entre vários achados, descobriu-se uma informação muito importante que contraria inclusive os relatos oficiais da Igreja Metodista sobre sua história no Brasil. No site da Igreja, na seção sobre história do metodismo, encontramos uma vaga “lembrança” sobre o metodismo na Amazônia. No texto temos a nota equivocada que diz que Justus Nelson morreu e está sepultado em Belém. O correto é que, após 45 anos de incansável dedicação e paixão missionária, Justus Nelson, aos 75 anos de idade, partiu de Belém no dia 08 de novembro de 1925, devido à crise da economia da borracha que assolou a cidade.

Antes da partida, Justus escreveu: “se a Igreja Metodista Episcopal, nestes 45 anos no Brasil, conseguiu atrair algumas pessoas a uma vida limpa por mais diminuto que seja o número, fica plenamente justificado o dispêndio aqui feito, de dinheiro, de trabalho e de vidas preciosas ceifadas no seu vigor”. Com o fechamento da missão, os irmãos e as irmãs metodistas de Belém foram encaminhados/as para outras igrejas evangélicas. Justus ainda trabalhou em Portland, Oregon/EUA, produzindo jornais e pregando em língua portuguesa para brasileiros que viviam naquela cidade.

Até os dias de hoje, um dos poucos documentos que tínhamos sobre o Apologista era uma compilação da última edição do jornal, realizada pelo professor Duncan Reily, intitulada Metodismo na Amazônia. Esta obra é uma transcrição de um microfilme dos arquivos da Board of Global Ministries of the United Methodist Church, de Nova York. O GEMA obteve acesso aos originais do jornal que estão integralmente “microfilmados” na Biblioteca Pública Arthur Vianna e agora trabalha na divulgação desta riquíssima fonte da história do metodismo no Brasil, especificamente na Amazônia.

Fonte Adaptado de pesquisa do GEMA - Grupo de Estudos do Metodismo na Amazônia: Aluízio Laurindo Júnior, Antônio Carlos Soares dos Santos, Cláudio Augusto Lima das Neves, Fabrício Matheus, Flávio Elias Quemel, Franklim Ferreira Sodré, Saulo Baptista, Tony Vilhena (trabalho original está disponível no site http://www.metodista.org.br/)

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O METODISMO NO BRASIL

Fonte: www.metodista.org.br

Junius Estaham Newman, pastor metodista e Superintendente Distrital, foi o pioneiro da obra metodista permanente no Brasil. "J. E. Newman, recomendado para a Junta de Missões para trabalhar na América Central ou Brasil": essa foi a nomeação que ele recebeu em 1866, na Conferência Anual. Após ter servido durante a Guerra Civil Americana, como capelão às tropas do Sul, observou que muitos metodistas do Sul emigraram para as Américas do Sul e Central e acompanhou-os.
A Guerra deixou endividada a Junta, sem possibilidade de enviar obreiros para qualquer local. Newman financiou sua própria vinda ao Brasil, com suas modestas economias. Chegou ao Rio de Janeiro em agosto de 1867, mas fixou residência em Saltinho, cidade próxima a Santa Bárbara do Oeste, província de São Paulo. Desde 1869, pregou aos colonos, mas, dois anos mais tarde, no terceiro domingo de agosto, organizou o "Circuito de Santa Bárbara".
O primeiro salão de culto – antes era uma venda – foi uma pequena casa, coberta de sapé e de chão batido. Newman trabalhava com os colonos norte-americanos e pregava em inglês. Um dos motivos da demora de Newman em organizar uma paróquia metodista, é que ele pregava, principalmente para metodistas, batistas, presbiterianos e a todos que desejassem ouvir sua mensagem, pensando ser mais sábio unir os "ouvintes" em uma única igreja, sem placa denominacional. Mas depois, todas as denominações organizaram-se em igrejas, de acordo com sua origem eclesiástica nos EUA. Newman insistiu, através de suas cartas, para que os metodistas norte-americanos abrissem uma missão em nosso país. Em 1876, a Junta de Missões da Igreja Metodista Episcopal Sul, despertada através da publicação das cartas nos jornais metodistas nos EUA, enviou seu primeiro obreiro oficial: John James Ranson. Dedicou-se ao aprendizado do português para proclamar a boa-nova aos brasileiros.
J. E. Newman e sua família mudaram-se para Piracicaba, SP, onde permaneceram entre 1879 e 1880, quando as filhas de Newman, Annie e Mary, organizaram um internato e externato. O "Colégio Newman" é considerado precursor do Colégio Piracicabano, hoje Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba).
Os dez primeiros anos de trabalho com os brasileiros
O período entre 1876 e 1886 é geralmente denominado de "Missão Ransom", visto que ele organizou toda a estrutura. Ele não teve pressa para estabelecer o campo de trabalho: descartou Piracicaba, fez um reconhecimento do Rio Grande do Sul, mas escolheu o Rio de Janeiro como centro estratégico para propagar o metodismo. J. J. Ransom iniciou sua pregação mais tarde, a fim de dominar o português. Em janeiro de 1878, iniciou sua pregação em inglês e português, no Rio de Janeiro. Os primeiros brasileiros foram recebidos à comunhão da Igreja em março de 1879, sem serem rebatizados.
No mês de julho seguinte, quatro pessoas da família Pacheco foram recebidas.Ransom casou-se com Annie Newman, no Natal de 1879, que veio a falecer em meados do ano seguinte. Ele regressou aos Estados Unidos em busca de mais pessoas dispostas a contribuir na tarefa missionária no Brasil. Voltou, dois anos depois, com James L. Kennedy, Marta Watts e o casal Koger. Todos contribuíram na expansão geográfica da missão e também para a educação.A educadora Marta Watts veio como missionária com a tarefa de educar crianças e moças brasileiras.
O Colégio Piracicabano, primeiro educandário metodista no Brasil, foi fundado em 13 de setembro de 1881, com a matrícula de apenas uma aluna, Maria Escobar. Fatores como a capacidade e dedicação da diretora e o novo método do Colégio chamaram novas alunas, a partir do ano seguinte. O educandário foi a semente para a Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), criada em 1975. Frances S. Koger, ou simplesmente Fannie, fundou uma escola para crianças pobres em Piracicaba, demonstrando assim, o interesse pela educação de crianças pobres, um fato que não é tão conhecido.
Além dos missionários fundadores das principais igrejas: Ransom, Rio de Janeiro, 1879; Koger, Piracicaba, 1881 e São Paulo, 1884; e Kennedy, Juiz de Fora, 1884 – destacam-se, por exemplo, três obreiros leigos que precederam Kennedy na preparação do trabalho em Juiz de Fora e outros primeiros obreiros leigos.
Bernardo de Miranda, Ludgero de Miranda, Felipe Relave de Carvalho e Justiniano de Carvalho receberam nomeação episcopal em 1886. Na Conferência Anual de 1887, com exceção de Ludgero, todos foram admitidos à Conferência, em caráter de experiência. Mas na Conferência Anual de 1890, o bispo J. C. Granbery admitiu os quatro obreiros, ordenando-os diáconos. Algum tempo depois, leigas foram chamadas de "Mulheres da Bíblia", ocupando-se com visitações e leitura da Bíblia com outras mulheres. Em 1° de janeiro de 1886, foi publicada a primeira edição do Metodista Católico, atual Expositor Cristão.
Conferência Anual
Em setembro de 1886, foi realizada a Conferência Anual (que hoje equivale a um Concílio), na capela da Igreja Metodista no Catete, em 16 de setembro de 1886, abrangendo duas coisas diferentes: área geográfica e assembléia metodista anual. O território metodista no Brasil possuía quatro centros principais:
• Catete (Rio de Janeiro) – com duas congregações: estrangeira (com pregação em inglês) e brasileira, totalizando 63 membros. Um novo templo foi inaugurado em 5 de setembro de 1886, às vésperas da Conferência Anual.
• São Paulo – tinha apenas 13 membros arrolados, mas sem propriedades.
• Juiz de Fora e Piracicaba – possuíam templos modestos, com 31 e 70 membros, respectivamente. Nos quatro centros principais e em outros menores contavam-se 214 membros arrolados e seis pregadores locais.
A Conferência Anual formulava a estratégia da região; os itinerantes (pregadores), que eram avaliados com relação ao seu trabalho e seu caráter e recebiam nomeação do Bispo. Um motivo primordial tornava essencial a organização de uma Conferência Anual: reconhecer, com urgência, o metodismo brasileiro como pessoa jurídica, uma ênfase da 2ª Conferência Anual Missionária, em julho de 1886. O governo imperial não reconheceu a Junta de Missões como pessoa jurídica. Somente na República que a Conferência Anual foi reconhecida como pessoa jurídica, para o desapontamento da liderança da Igreja daquela época.
A necessidade de organizar uma Conferência foi reconhecida pela Conferência Geral da Igreja Metodista Episcopal Sul, que deu autorização para o primeiro Bispo visitar a Missão, para constituir a Conferência. Em virtude dos poucos membros com que a Conferência contaria, o bispo Granbery quase desistiu de realizá-la. Os obreiros nacionais ainda não eram itinerantes; Newman foi rebaixado para pregador local na Conferência dos EUA; Koger havia morrido, em janeiro de 1886 e Ransom foi "devolvido" em agosto daquele ano.
Apenas o chamado "Trio de Ouro" participou do evento: Kennedy (evangelista, construtor de igrejas e o historiador do metodismo brasileiro, com o livro "Cincoenta Annos de Methodismo no Brasil"); Tarboux (pregador e pastor das principais Igrejas Metodistas e primeiro bispo da Igreja Metodista do Brasil, eleito em 1930) e Tucker (agente da Sociedade Bíblica Americana e fundador do Instituto Central do Povo). O Bispo convocou os três membros para a organização da Conferência Anual, muito simples e breve, mas um dos momentos decisivos do metodismo brasileiro.
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O Metodismo nos EUA

Fonte: www.metodista.org.br
A primeira "Sociedade" metodista surgiu em Londres em fins de 1739, vinte anos depois já se implantava no Novo Mundo. Pois em 1760, Natanael Gilbert, convertido por João Wesley na Inglaterra, ao voltar para Antígua, no Caribe, começou um compartilhar as boas-novas com uma população escrava.
O mesmo impulso de missão espontânea fez o Metodismo em Virgínia e de Maryland, construiu rudes capelas de pau roliço, itinerou diversas das "Três Colônias", e até despertou vocações entre jovens norte-americanos! Pouco depois, numa outra família de imigrantes Metodistas da Irlanda, a sra. Barbara Heck estaria pressionando seu primo e pregador metodista, Filipe Embury, a iniciar uma missão de Proclamação em Nova York. Bem encontrava mais para o norte,-se um jovem imigrante, Guilherme Black, engajado na pregação leiga na Terra Nova, hoje parte do Canadá. Sim, a conclusão é quase irresistível de que uma das qualidades do Metodismo nos primórdios era o seu impulso missionário, o qual o levaria, de um modo próprio muitas partes do mundo e, com tempo, faria do Metodismo um movimento verdadeiramente mundial. Só alguns anos depois dos Começos mencionados é que, a pedido dos Metodistas arrebanhados do Novo Mundo, João Wesley e os Metodistas Enviaram ingleses Obreiros Missionários à guisa de.
O Metodismo norte-americano se transforma em igreja: a Igreja Episcopal
João Wesley destacou alguns dos seus melhores pregadores como Missionários na América.
Embora tenha ele os mandado para todos os locais mencionados acima, agora vamos ficar só com o Território que passaria um ser os Estados Unidos. Quando Wesley começou a enviar para Obreiros como colônias inglesas na América, já estava bem adiantado o movimento de independência e, a partir de 1775, o movimento já tomava uma foram de uma Guerra de Independência. Nos oito anos de guerra, todos os Missionários que Wesley havia enviado voltaram, menos um, Francis Asbury. Asbury, que nunca mais voltou para sua Inglaterra nativa, tornou-se um dos principais líderes surgido durante os anos do conflito. Um fato curioso é que João Wesley, um tradução, não apoiara o movimento de independência, o que gerava suspeitas que os Metodistas das colônias também não apoiavam-no, o que não era verdade.
Apesar desta dificuldade e desassossego causado pela guerra, o número de Metodistas aumentava rapidamente. Ao fim da guerra, já contavam com uns 15,000 e mais de 80 pregadores. O próprio Wesley, que não aprovara a revolução, agora deu pleno apoio na nova situação, na realidade, ele preparou uma liturgia (Baseado no Livro de Oração Comum, o qual ele considerava a melhor liturgia do mundo) e ainda um livro canônico (a Disciplina) e ordenou dois pregadores como Presbíteros eo Dr. Tomás Coke como "superintendente OS" para Metodistas na América.
Isto é, tomou os passos para que os Metodistas na América se tornassem Igreja. Ele tomou um outro passo nessa direção, chegando a nomear também Francis Asbury como superintendente (ou seja, Bispo). Asbury, porém, Reconheceu o espírito da independência dos Metodistas na América; daí ele só aceitou uma liderança mediante eleição pelos pregadores, e não nomeação por Wesley, distante há tantos mil quilômetros!
Sim, por volta de Natal de 1784, os pregadores se reuniram e, sob a direção de Coke, fundaram a Igreja Metodista Episcopal (antes o Metodismo era movimento, não Igreja); elegeram Asbury, ainda leigo, Diácono, Presbítero e Superintendente em três dias sucessivos, e, dos seus parcos recursos financeiros e humanos, uma faculdade Estabeleceram, Cokesbury College (aproveitando os nomes de Coke e Asbury, os dois "superintendentes" ou bispos) e mandaram Missionários para Antiga e Terra Nova, apesar do fato de só existirem pouco mais de 80 pregadores Metodistas no país. Assim nasceu a Igreja Metodista Episcopal, a menor denominação no norte Continente Americano; meio século depois era destinada uma ser a maior. Algumas das razões para isto se seguem: A Igreja Metodista Episcopal descobre a "Fronteira"
Devemos lembrar que os Estados Unidos, em 1784, era, na realidade, uma pequena faixa de terra desde Georgia até Canadá no Norte, ao longo da costa do Atlântico. Mas a população branca estava emigrando para o Oeste em busca de novas terras. O Oeste sempre se afastava mais e mais, pois uma expansão territorial do país foi espantosa. Por compra, compra e conquista militar e diplomacia, os Estados Unidos passaram um ser um país de dimensões continentais em apenas 70 anos!
Certos fatores fizeram com os Metodistas que pudessem acompanhar uma marcha para o Oeste, ou seja, uma fronteira, mais eficientemente que qualquer outro grupo. Uma destas razões, sem dúvida, é o seu vigor espiritual e um outro é a sua auto-imagem. Já em 1784, os 80 e poucos pregadores Metodistas reunidos na Capela de Lovely Lane em Baltimore haviam concluído que Deus os colocou na América para E CONTINENTE "Reformar o espalhar uma santidade Bíblica por toda a parte". Sim, Estavam imbuídos de um profundo senso de missão, que os impulsionava.
Também o tipo do ministério metodista era admiravelmente adaptado à fronteira. O pregador metodista era chamado de circuito rider, ou seja, "cavaleiro de circuito", sendo que seu circuito Paróquia () Poderia ter 30, 50 ou mais lugares regulares de pregação. Assim, um pregador ordenado, auxiliado por muitos leigos e leigas, atendia uma uma grande área na fronteira, esparsamente povoada. E, finalmente, os Metodistas aprenderam dos presbiterianos um tipo de Evangelização muito Apropriado à fronteira, um encontro no campo (reunião de acampamento), na qual famílias vinham de consideráveis distâncias, de carroças, e acampavam durante uma semana ou mais, assistiam pregação pelo menos Três vezes por dia e em que se realizavam conversões em grande número. Havia, muitas vezes, manifestações emocionais; estas espantaram os presbiterianos, mas Bispo Asbury via nos acampamentos "o tempo de safra" dos Metodistas.
VEJA TAMBÉM:
O Metodismo Americano e um Escravidão
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O Metodismo na Inglaterra no tempo de Wesley

Cinco chaves para compreender nossa herança Metodista
Experiência do dia 24 de maio de 1738
A famosa experiência de João Wesley numa reunião à Rua Aldersgate, em Londres, a exemplo de Martinho Lutero, na torre de Wittenberg, marcou o clímax de uma longa busca de um relacionamento satisfatório com Deus em Cristo. Qual é o sentido desse evento? Pela descrição do próprio Wesley, os metodistas têm, tradicionalmente, enfatizado o "coração aquecido". E certamente a emoção faz parte da experiência; afinal, o ser humano não é só cérebro, mas os sentimentos e emoções lhe são molas de ação. Mas uma das coisas mais importantes da descrição do próprio Wesley sobre "Aldersgate" é que houve uma íntima ligação entre a experiência religiosa e a sua doutrina. Uma outra maneira de dizer a mesma coisa seria dizer que a compreensão doutrinária de Wesley (muito embora profundamente fundamentada na Palavra de Deus) surgiu de sua experiência. Teologia, em Wesley, não é algo distante, especulativo, divorciado da vida; pelo contrário, ela nasce da vida religiosa, ou seja, da experiência da salvação. Por isso vale a pena estudarmos o registro de Wesley sobre o que aconteceu no dia 24 de maio. Podemos fazer isso em poucas linhas, mas cada uma poderia fornecer matéria para uma boa discussão.
(1) A experiência de Wesley nasceu da Palavra de Deus. Alguém lia do Prefácio de Lutero à Epístola aos Romanos. Foi no momento que Wesley ouviu da "mudança que Deus opera no coração pela fé em Cristo" que ele experimentou a fé! Confirmou o que Paulo dissera que "a fé é pelo ouvir e o ouvir pela palavra de Deus" (Rm. 10.17).
(2) A experiência foi fundamentalmente do Dom da fé. Mas Wesley aprendeu, com Lutero, de que consiste a verdadeira fé - é confiança (não crença). "Senti que confiava em Cristo, Cristo tão somente para minha salvação...". Fé, então, é confiar a vida nas mãos de Cristo, estabelecer aquele relacionamento pelo qual Cristo se torna Senhor e Salvador pessoal.
(3) Com o ato de confiar sua vida a Cristo, estabelecendo um novo relacionamento, Wesley foi perdoado, ou seja, percebeu que Cristo havia tirado seus pecados - não era apenas o cordeiro de
Deus, que tira pecado do mundo, mas o Salvador que tirava os pecados de João Wesley.
(4) Daquilo que Cristo lhe fizera, o Espírito Santo testificou, pois no mesmo momento "uma segurança" lhe foi dada de que Cristo havia tirado seus pecados e o havia salvado "da lei do pecado e da morte".
(5) Só? Não, há mais! Wesley diz que começou a orar pelos inimigos e perseguidores! Sem mencionar o Novo Nascimento, Wesley demonstrava nesta nova capacidade de perdoar que Deus não havia apenas lhe perdoado, mas também transformado o seu íntimo. Como os metodistas cantam: "Tu não somente perdoas, purificas também, ó Jesus".Concluímos, então, que uma das principais características do metodismo wesleyano era, ao invés de teologia especulativa, uma íntima conexão entre a doutrina e a experiência.
Evangelização
Devemos lembrar que não foi apenas João Wesley que teve uma experiência religiosa transformadora em maio de 1738; Carlos, irmão de João Wesley, também, no domingo anterior, recebera o dom da fé. Carlos traduziu sua experiência, que ocorrera no Domingo de Pentecostes, num hino que lembra as línguas de fogo do primeiro Pentecostes - "Mil línguas eu quisera ter". em certo sentido, enquanto João viajava por toda a parte proclamando através da pregação as boas novas de vida nova em Cristo Jesus, Carlos, através de 6.500 hinos de sua autoria também evangelizava. Há certas características da evangelização wesleyana que deviam ser notadas: Primeiro, o século XVIII presenciou o nascimento de uma nova classe social, a dos operários.
Os primeiros representantes dessa nova classe eram mineiros. Oprimidos pelas longas horas de trabalho árduo e baixo salário, os mineiros não eram levados em conta pela igreja oficial, e poucos deles procuravam a mesma. Foi aos mineiros de Kingswood e Bristol que os metodistas primeiro foram para lhes oferecer vida em Cristo! Mais tarde, com o crescimento das fábricas, os operários e operárias seriam objeto da mensagem metodista e fariam parte integrante da sociedade e partes metodistas. Muito antes da igreja anglicana tomar consciência da própria existência dessa nova classe, os metodistas já lhes ministrava.
A segunda coisa a notar é que havia necessidade de descobrirem-se novos métodos e agências para atender a essa nova situação. A pregação ao ar livre provou ser o meio para atingir essa nova classe. George Whitefield e Wesley pregavam aos mineiros ao saírem estes das minas, pois os mineiros não procuravam a igreja. Nas praças de Londres, Bristol e Newcastle, os metodistas ofereciam Cristo ao público atônito com essa inovação! Mais se a pregação ao ar livre provou ser o instrumento, os agentes, muito mais do que ministros ordenados, passaram a ser os pregadores leigos (pregadores sem formação teológica). Desde a pregação do jovem Tomas Maxfield, que trabalhava com Wesley como "filho no evangelho" no seu centro em Londres (a
"Fundição") e que Suzana Wesley considerava tão vocacionado como seu próprio filho João! - pessoas com graça (experiência pessoal de fé), "dons" (capacidade para proclamar claramente as boas novas) e "frutos" (resultados positivos da sua pregação em termos de despertamento e conversão) e que se dispunham a trabalhar nos lugares onde Wesley indicava, mais que se comprometiam a ler pelo menos 6 horas por dia, militavam como profetas (proclamadores) sob a orientação de João Wesley.
A terceira coisa a ser notada nesta evangelização metodista é sua estreita ligação com o serviço ao povo e ação social. Talvez baste lembrarmos que a última carta que o velho Wesley escreveu foi endereçada a William Wilberforce, encorajando na sua luta no parlamento inglês contra escravidão.
A terceira chave: O povo.
Wesley nunca teve a intenção de que o metodismo passasse a ser uma nova igreja, ele pretendia que fosse um movimento em sua amada igreja anglicana (da qual nunca saiu) para seu despertamento e capacitação para o exercício da missão de Deus. A preocupação de Wesley era o POVO. Ele dizia que seus seguidores eram "o povo chamado Metodista". Já vimos acima que deste povo Wesley conseguiu seus pregadores e pregadoras - pois Wesley permitia que mulheres como Mary Bosanquet pregasse. De Mary, Wesley dizia que sua palavra era tudo "luz e fogo". Assim Wesley descobriu um modo fácil de expressar a doutrina de Lutero, o "Sacerdócio Universal do Crente".
Mas a ênfase do povo não pára com a pregação de leigos, por mais importante que fosse: o Metodismo via sua missão como uma realizada pelo povo e em prol do povo. É por isso que nos principais centros do metodismo wesleyano surgiu escolas, orfanatos, ambulatórios, fundos de empréstimo, centro de artesanato etc.. foi por isso que Wesley e os Metodistas lutavam contra a escravidão que degradava e explorava o povo africano. Foi para poder servir o povo que o próprio Wesley procurava ganhar todo dinheiro possível e economizar o máximo - não para ficar rico, mais para ter recursos para "dar tudo possível". Por isso, já nos seus dias de professor em Oxford, ele havia economizado dinheiro que normalmente teria gasto com carvão para sua lareira. Ele agüentava o frio dos invernos ingleses para ter dinheiro para pagar uma professora de uma classe de moleques pobres da cidade de Oxford.
A Quarta chave é a ênfase na Santificação / Perfeição.
Para Wesley, a santificação é um processo de crescimento em graça que começa no momento que, pela fé, Deus perdoa o pecador arrependido e inicia o processo da sua transformação íntima. A perfeição é um Dom de Deus pelo qual aperfeiçoa sua obra no crente, enchendo-o de amor para com Deus e o próximo. A chave para entendermos a perfeição é o AMOR. Wesley tinha muitos sinônimos para a perfeição, sinônimos estes que não inventou mas achou na palavra de Deus. Perfeição é pureza de coração, é imitação de Cristo, é comunhão ininterrupta com Deus
e com seus propósitos, mas mais do que qualquer outra coisa, é o Amor. O estudo do livro aos Hebreus o convenceu da absoluta necessidade de santidade na vida do discípulo de Jesus.
Carlos Wesley ensinou aos metodistas a doutrina através dos seus hinos, poucos dos quais chegaram até nós. Talvez a mais clara expressão da doutrina se encontra no seu hino "amor divino que excede todos os amores" ("grande amor", nº 293 no HE).
"Ó Senhor, que a tudo excedes, Dom celeste, Amor sem par,Vem, coroa os teus favores, Entre em nós vem habitar.Grande Amor, Amor bendito, Ó divina compaixão,Vem, socorre ao que padece, Faze nele habitação"
Para Wesley, a primeira epístola de João é a melhor do comentário sobre a perfeição cristã. Nesta epístola, a ligação entre o amor e a vida cristã é patente. "aquele que diz que está na luz mas odeia seu irmão ainda está nas trevas até agora" (2.9). O mesmo autor adverte: "filhinhos, não amemos de palavras nem de língua mas por ações e em verdade" (3.18), o que muito nos lembra de Tiago que questiona a fé daquele que nada faz em prol do irmão sem roupa nem alimento (2.14-15).

Uma Quinta chave é a ênfase missionária do Metodismo Wesleyano
Os metodistas definiram sua razão de existência em termos de "Reformar a nação, particularmente a igreja, e espalhar Santidade Bíblica em toda nação". Acabamos de ver de como serviam impulsionados a levar as boas novas aos operários e aos pobres, geralmente negligenciados pela igreja oficial. Mas havia também algo dentro do metodismo que o fez vencer as barreiras dos mares, pois logo ele é levado espontaneamente, para a Irlanda, Escócia, as Ilhas do Canal, para o continente europeu e para o Novo Mundo - para Antigua no Caribe, para as Colônias que viriam a ser os EUA, para Terra Nova, parte do atual Canadá. Aliás, uma igreja que não é missionária é ou morta ou moribunda.

Fonte: Momentos Decisivos do Metodismo Prof. Duncan Alexander Reily - Imprensa Metodista
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INÍCIO DO METODISMO NA INGLATERRA

Fonte:www.metodista.org.br

Movido pela paixão da fé salvadora, o Movimento Metodista, declina a princípio ligado à Igreja Anglicana. Seu crescimento foi rápido. Várias pessoas se juntavam aos “metodistas” a cada dia para experimentarem a alegria da fé e da confiança em Deus. Isso me faz recordar o início do cristianismo (atos 2.42-47).

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partindo o pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.
Nos meses seguintes, pequenos grupos se encontravam com Wesley para reuniões espirituais e estudos da Bíblia. Com essa atitude, o grupo ficou conhecido como sociedades. É de ressaltar também, que essas reuniões não competiam com os horários de reuniões nas igrejas. Normalmente, aos domingos, Wesley e seu irmão Carlos pregavam nos púlpitos das igrejas de Londres. Eles pregavam sermões incentivando uma mudança de vida, ou seja, o contrário da maioria das igrejas que estavam acostumadas com sermões sem vida e frio.
Em 24 de maio de 1738, Wesley deixou registrado em seu diário a experiência religiosa em ter o coração estranhamente aquecido. Essa data é lembrada como um marco para nós metodistas. Isso implica que as ações de Deus estão além das nossas convicções. A igreja precisa estar apta a servir a sociedade e fazer a diferença na mesma. Para isso, é preciso de homens e mulheres com uma visão de Deus, uma visão humanizadora àqueles (as) que sofrem o caos da pobreza e das injustiças sociais.
Hoje as igrejas estão preocupadas com seu status e membresia, não se pode esquecer que os propósitos de Deus a se cumprir na vida dessas pessoas menos favorecidas, estão ligados à igreja. O envolvimento do metodismo com as questões da sociedade é uma marca que está na história do surgimento do movimento desde o séc. XVIII. Um dos contextos históricos da Inglaterra foi a Revolução Industrial. E isso, fez com que o trabalho do combate à escravidão e luta por melhores salários, principalmente o apoio às crianças pobres oferecendo o ensino básico, fez com que os metodistas se destacassem.
Por volta do ano 1700 a educação na Inglaterra era privilégio somente de ricos. Por essa razão, John Wesley fundou a Kingswood School em 1748, por entender que o ensino é fundamental na formação de uma sociedade mais justa e igualitária, principalmente às crianças pobres sem condições de estudarem.
Várias famílias que foram para a América do Norte, nas 13 Colônias, levaram as práticas do metodismo. Quando eles conquistaram a sua independência política, desvincularam-se da religiosidade exercida na Inglaterra. Logo, foi criada a Igreja Metodista Episcopal, em 1784. Somente após a morte de John Wesley, que a Inglaterra constituiu o metodismo como denominação independente em relação à Igreja Anglicana.

VEJA TAMBÉM:

O Metodismo na Inglaterra no tempo de Wesley

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JOHN WESLEY


O FUNDADOR DO METODISMO

Nome John Wesley • Nascimento 17 de junho de 1703, em Epworth (Inglaterra)• Falecimento 2 de março de 1791, em Londres (Inglaterra)• Pais Samuel e Suzana Wesley.


Samuel Wesley não era uma pessoa querida pelos seus paroquianos e, por isso tanto, ele como a família, sofreram alguns ataques violentos. Na noite de 9 de Fevereiro de 1709, deitaram fogo à reitoria. Uma das mais conhecidas histórias sobre John Wesley refere-se ao seu salvamento, quando tinha cinco anos de idade, por um homem firmado nos ombros de outro, pouco antes de o teto ruir. O grito de Susanna "não é este um tição retirado do fogo?" tornou-se uma profecia.


O próprio John foi, mais tarde, influenciado pela convicção da mãe de que Deus tinha uma missão especial para ele.John Wesley viveu na Inglaterra do Século XVII, quando o cristianismo, em todas as suas denominações, estava definhando. Ao invés de influenciar, o cristianismo estava sendo influenciado, de maneira alarmante, pela apatia religiosa e pela degeneração moral. Dentre aqueles que não se conformavam com esse estado paralizante da religião cristã, sobressaiu-se John Wesley. Primeiro, durante o tempo de estudante na Universidade de Oxford, depois como líder no meio do povo.


John Wesley pertencia a uma família pastoral, que vivia em Epworth, numa região afastada de Londres. Em seu lar absorveu a seiva de um cristianismo genuíno.Ao entrar para a universidade, Wesley não se deixou influenciar pelo ceticismo cínico e nem pela libertinagem. Como reação a isso formou. junto com outros poucos jovens, o chamado "CLUBE SANTO". Os adeptos dessa sociedade tinham a obrigação de dar um testemunho fiel da sua fé cristã, conforme as regras da Igreja Anglicana. Eram rígidos e regulares em suas expressões religiosas, no exercício de ordem espiritual e no auxílio aos pobres, aos doentes e aos presos. Por causa dessa regularidade, os demais companheiros da universidade zombavam e ridicularizavam os membros do "CLUBE SANTO" dando-lhes o apelido de "METODISTAS".

Embora cumprisse fielmente a disciplina do "clube", John Wesley não se sentia satisfeito. Durante anos lutou com esse sentimento de insatisfação até que em 24 de maio de 1738, na rua Aldersgate, em Londres, passou por uma experiência espiritual extraordinária, que é assim narrada em seu diário:"Cerca das nove menos um quarto, enquanto ouvia a descrição que Lutero fazia sobre a mudança que Deus opera no coração através da fé em Cristo, senti que meu coração ardia de maneira estranha. Senti que, em verdade, eu confiava somente em Cristo para a salvação e que uma certeza me foi dada de que Ele havia tirado meus pecados, em verdade meus, e que me havia salvo da lei do pecado e da morte. Comecei a orar com todo meu poder por aqueles que, de uma meneira especial, me haviam perseguido e insultado. Então testifiquei diante de todos os presentes o que, pela primeira vez, sentia em meu coração".


Para John Wesley, clérico da Igreja Anglicana, esse novo sentir não era como a conversão de um infiel a Cristo. Era um aprofundar na compreensão do que significa ser cristão. O movimento metodista, por muitas décadas não se organizou em igreja. Na Inglaterra o movimento organizou-se em igreja somente pouco depois da morte de John Wesley em 22 de março de 1791. Sendo assim, o fundador do movimento metodista morreu Anglicano, sem nunca ter pertencido à Igreja Metodista.
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