quinta-feira, 14 de maio de 2009
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Autonomia 1930
Made in Brazil
A vida de missionários americanos que fizeram história em nosso país
Da esquerda para a direita, na primeira fila: Derrel Santee, John Betts, Marion Way, Anita Way. Segunda fila: Edith Long Schisler, Francis Tims, Gladys Betts, Phyllis Reily, Wilma Roberts. Terceira fila: Maria Delci Smith, Paloma Goodwin, Dorothy Santee, Steve Newnum, Maria Newnum. Última fila: Ed Tims, Donald Raffan, Jim Goodwin, Stan Fry, “Pete” Peterson Steve. Esta foto realizada durante o Encontro de Missionários e Missionárias da Igreja Metodista, que aconteceu em novembro de 2006, em Florianópolis. durante cinco dias, o grupo compartilhou de devocionais, momentos de louvor e reflexões sobre a sociedade e a Igreja. “A língua nativa muitas vezes cedeu lugar ao português, que surgia sem que as pessoas se dessem conta que haviam mudado de idioma, o que mostra a profunda aculturação desses homens e mulheres que mesmo, após findado o tempo de serviço, decidirampermanecer no país que também consideram suapátria. A necessidadede ampliar o ensino no campo da unidade cristã e das raízes metodistas e wesleyanas foram debatidas e apontadas como desafio das lideranças da Igreja Metodista”, conta Maria Newnum.
No dia 02 de setembro de 2007 a Igreja Metodista celebrou 77 anos como igreja brasileira autônima. Mas a proclamação de sua autonomia, no ano de 1930, não impediu que continuasse a receber missionários e missionárias dos Estados Unidos.Nos anos seguintes, muitas pessoas oriundas da Igreja Metodista Unida dos Estados Unidos – e também da Alemanha e da Igreja Unida do Canadá – vieram para se unir em laços fraternos na missão com a Igreja Metodista no Brasil. Hoje, o número de missionários e missionárias estrangeiros diminuiu significativamente. A maioria dos que vivem aqui é de aposentados(as) que escolheram o país como sua casa.
O primeiro relato é de um casal missionário aposentado que escreveu dos Estados Unidos, a segunda é de um missionário que voltou para os Estados Unidos, mas depois de algum tempo resolveu escolher o Brasil como seu lar e a terceira é do próprio autor desta reportagem: o pastor Stephen Newnum, o “Steve”, missionário americano que está ativo no Brasil.
"Em 1950, a Igreja Metodista brasileira recebeu seu primeiro contingente de missionários(as) para América Latina, com contrato de três anos. Acredito que, dos 50 que foram para América Latina, 18 foram nomeados(as) para vários lugares no Brasil. Fui nomeado para trabalhar com Charles Clay, no escritório da Junta Geral de Educação Cristã. Pediram-me que editasse a pequena brochura promocional chamada “Brazil Calls” (Brasil Chama), que foi enviada para todas as igrejas nos Estados Unidos que apoiaram missionários(as).
Stephen Newnum.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
O crescimento da Igreja no Brasil
Fonte: www.metodista.org.br
• No Sul e Sudeste: A Igreja Metodista foi crescendo no Rio Grande do Sul, em São Paulo, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.
• No Norte e Nordeste:
Metodismo na Amazônia faz 125 anos
Igreja Metodista Episcopal do Pará foi a primeira igreja protestante da Amazônia
No dia 1º de julho de 2008 comemoramos 125 anos de fundação da Igreja Metodista Episcopal do Pará (1883), a primeira igreja protestante organizada na Amazônia, localizada na cidade de Belém do Pará.
É importante lembrar que a missão na Amazônia já estava no coração do metodismo desde 1835. Os primeiros passos do protestantismo na Amazônia foram dados pelo pastor Daniel Parrish Kidder. No entanto, a morte precoce de sua esposa o forçou a retornar aos EUA em 1839.
Somente a partir de 1880 é que veremos um trabalho missionário metodista mais consubstanciado. Em 16 de junho daquele ano, o Rev. Justus Nelson, sua esposa Fannie Nelson e o missionário William Taylor chegam a bordo do Vapor Colorado no Porto de Belém.
Rev. Justus Nelson e esposa Fannie Nelson. Belém, 1920 Foto cedida ao GEMA, Grupo de Estudos da Amazônia, pelo seu bisneto Brian Holden
O Rev. Justus Nelson veio ao Brasil como missionário da Igreja Metodista Episcopal, norte dos EUA. A missão era de sustento próprio. Logo ele tratou de trabalhar ministrando aulas de inglês nos dias úteis e cultos aos domingos. No dia 27 de junho de 1880, num armazém subalugado, ele celebrou o primeiro culto, ainda em inglês. Já em janeiro de 1881, abriu uma escola metodista chamada “Colégio Americano”. Contudo, em dezembro de 1882, após a epidemia de febre amarela que matou seu irmão John Nelson, sua cunhada que era casada com o outro irmão e a professora Hattie Bacheldar, o Colégio foi fechado. Justus Nelson, então, foi trabalhar como empregado numa loja comercial.
Mas estas dificuldades não apagaram a chama missionária da família Nelson. Ainda no final de 1882, o pastor Justus Nelson foi convidado para pregar o Evangelho em português na casa de Justiniano Rabelo Carvalho, na Rua do Rosário, nº 40. E como o espaço ficou pequeno, o culto semanal passou a ser realizado numa casa situada na Av. 29 de Agosto, nº 68, hoje, Av. Assis de Vasconcelos. Foi nesta casa que o povo chamado metodista da Amazônia fundou a Igreja Metodista Episcopal do Pará, testemunhando os desafios do Evangelho nas calorosas terras paraenses.
Eleito superintendente do Distrito Brasil, que incluía as missões metodistas do Pará, Pernambuco e Amazonas, Justus Nelson lançou a semente do Evangelho nas cidades de Benevides/PA, Santarém/PA e Manaus/AM. Tudo independente financeiramente da Igreja norte-americana e da tesouraria da Igreja local.
Em 1890, no dia 04 de janeiro, surge um dos maiores legados do pioneirismo metodista na Região: o jornal O Apologista Christão Brazileiro, “jornal religioso semanal para famílias, dedicado à propaganda da verdade evangélica”. Seu lema era: “saibamos e pratiquemos a verdade, custe o que custar”.
O Apologista Christão Brazileiro começou com uma periodicidade semanal e assim permaneceu de janeiro de 1890 até julho de 1891, período de maior fôlego do editorial, perfazendo em torno de setenta e seis edições. De agosto de 1891 até janeiro de 1892, o jornal passou a ser impresso quinzenalmente. A partir de fevereiro de 1892 até setembro de 1910, o jornal circulou mensalmente, sendo a cobertura de novembro a dezembro deste ano reunida num único número. Houve uma interrupção de sua publicação em 1910. Somente em 1925, ano de despedida da família Nelson de Belém, sairia a derradeira edição d’O Apologista, numa espécie de resumo de toda as obras empreendidas ao longo as mais de quatro décadas de missão na Amazônia.
Com o intuito de estudar sobre estas histórias que revelam os desafios enfrentados pelos nossos pioneiros e refletir sobre as interrupções e sucessos da dinâmica missionária da Igreja Metodista na Amazônia, em 2003 (300 anos de nascimento de João Wesley), nasceu o Grupo de Estudos do Metodismo na Amazônia - GEMA. E de acordo com recentes pesquisas do Grupo, entre vários achados, descobriu-se uma informação muito importante que contraria inclusive os relatos oficiais da Igreja Metodista sobre sua história no Brasil. No site da Igreja, na seção sobre história do metodismo, encontramos uma vaga “lembrança” sobre o metodismo na Amazônia. No texto temos a nota equivocada que diz que Justus Nelson morreu e está sepultado em Belém. O correto é que, após 45 anos de incansável dedicação e paixão missionária, Justus Nelson, aos 75 anos de idade, partiu de Belém no dia 08 de novembro de 1925, devido à crise da economia da borracha que assolou a cidade.
Antes da partida, Justus escreveu: “se a Igreja Metodista Episcopal, nestes 45 anos no Brasil, conseguiu atrair algumas pessoas a uma vida limpa por mais diminuto que seja o número, fica plenamente justificado o dispêndio aqui feito, de dinheiro, de trabalho e de vidas preciosas ceifadas no seu vigor”. Com o fechamento da missão, os irmãos e as irmãs metodistas de Belém foram encaminhados/as para outras igrejas evangélicas. Justus ainda trabalhou em Portland, Oregon/EUA, produzindo jornais e pregando em língua portuguesa para brasileiros que viviam naquela cidade.
Até os dias de hoje, um dos poucos documentos que tínhamos sobre o Apologista era uma compilação da última edição do jornal, realizada pelo professor Duncan Reily, intitulada Metodismo na Amazônia. Esta obra é uma transcrição de um microfilme dos arquivos da Board of Global Ministries of the United Methodist Church, de Nova York. O GEMA obteve acesso aos originais do jornal que estão integralmente “microfilmados” na Biblioteca Pública Arthur Vianna e agora trabalha na divulgação desta riquíssima fonte da história do metodismo no Brasil, especificamente na Amazônia.
Fonte Adaptado de pesquisa do GEMA - Grupo de Estudos do Metodismo na Amazônia: Aluízio Laurindo Júnior, Antônio Carlos Soares dos Santos, Cláudio Augusto Lima das Neves, Fabrício Matheus, Flávio Elias Quemel, Franklim Ferreira Sodré, Saulo Baptista, Tony Vilhena (trabalho original está disponível no site http://www.metodista.org.br/)
O METODISMO NO BRASIL
O Metodismo nos EUA
O Metodismo norte-americano se transforma em igreja: a Igreja Episcopal João Wesley destacou alguns dos seus melhores pregadores como Missionários na América. Embora tenha ele os mandado para todos os locais mencionados acima, agora vamos ficar só com o Território que passaria um ser os Estados Unidos. Quando Wesley começou a enviar para Obreiros como colônias inglesas na América, já estava bem adiantado o movimento de independência e, a partir de 1775, o movimento já tomava uma foram de uma Guerra de Independência. Nos oito anos de guerra, todos os Missionários que Wesley havia enviado voltaram, menos um, Francis Asbury. Asbury, que nunca mais voltou para sua Inglaterra nativa, tornou-se um dos principais líderes surgido durante os anos do conflito. Um fato curioso é que João Wesley, um tradução, não apoiara o movimento de independência, o que gerava suspeitas que os Metodistas das colônias também não apoiavam-no, o que não era verdade. Apesar desta dificuldade e desassossego causado pela guerra, o número de Metodistas aumentava rapidamente. Ao fim da guerra, já contavam com uns 15,000 e mais de 80 pregadores. O próprio Wesley, que não aprovara a revolução, agora deu pleno apoio na nova situação, na realidade, ele preparou uma liturgia (Baseado no Livro de Oração Comum, o qual ele considerava a melhor liturgia do mundo) e ainda um livro canônico (a Disciplina) e ordenou dois pregadores como Presbíteros eo Dr. Tomás Coke como "superintendente OS" para Metodistas na América.
Isto é, tomou os passos para que os Metodistas na América se tornassem Igreja. Ele tomou um outro passo nessa direção, chegando a nomear também Francis Asbury como superintendente (ou seja, Bispo). Asbury, porém, Reconheceu o espírito da independência dos Metodistas na América; daí ele só aceitou uma liderança mediante eleição pelos pregadores, e não nomeação por Wesley, distante há tantos mil quilômetros!
Sim, por volta de Natal de 1784, os pregadores se reuniram e, sob a direção de Coke, fundaram a Igreja Metodista Episcopal (antes o Metodismo era movimento, não Igreja); elegeram Asbury, ainda leigo, Diácono, Presbítero e Superintendente em três dias sucessivos, e, dos seus parcos recursos financeiros e humanos, uma faculdade Estabeleceram, Cokesbury College (aproveitando os nomes de Coke e Asbury, os dois "superintendentes" ou bispos) e mandaram Missionários para Antiga e Terra Nova, apesar do fato de só existirem pouco mais de 80 pregadores Metodistas no país. Assim nasceu a Igreja Metodista Episcopal, a menor denominação no norte Continente Americano; meio século depois era destinada uma ser a maior. Algumas das razões para isto se seguem: A Igreja Metodista Episcopal descobre a "Fronteira"
Devemos lembrar que os Estados Unidos, em 1784, era, na realidade, uma pequena faixa de terra desde Georgia até Canadá no Norte, ao longo da costa do Atlântico. Mas a população branca estava emigrando para o Oeste em busca de novas terras. O Oeste sempre se afastava mais e mais, pois uma expansão territorial do país foi espantosa. Por compra, compra e conquista militar e diplomacia, os Estados Unidos passaram um ser um país de dimensões continentais em apenas 70 anos!
Certos fatores fizeram com os Metodistas que pudessem acompanhar uma marcha para o Oeste, ou seja, uma fronteira, mais eficientemente que qualquer outro grupo. Uma destas razões, sem dúvida, é o seu vigor espiritual e um outro é a sua auto-imagem. Já em 1784, os 80 e poucos pregadores Metodistas reunidos na Capela de Lovely Lane em Baltimore haviam concluído que Deus os colocou na América para E CONTINENTE "Reformar o espalhar uma santidade Bíblica por toda a parte". Sim, Estavam imbuídos de um profundo senso de missão, que os impulsionava.
Também o tipo do ministério metodista era admiravelmente adaptado à fronteira. O pregador metodista era chamado de circuito rider, ou seja, "cavaleiro de circuito", sendo que seu circuito Paróquia () Poderia ter 30, 50 ou mais lugares regulares de pregação. Assim, um pregador ordenado, auxiliado por muitos leigos e leigas, atendia uma uma grande área na fronteira, esparsamente povoada. E, finalmente, os Metodistas aprenderam dos presbiterianos um tipo de Evangelização muito Apropriado à fronteira, um encontro no campo (reunião de acampamento), na qual famílias vinham de consideráveis distâncias, de carroças, e acampavam durante uma semana ou mais, assistiam pregação pelo menos Três vezes por dia e em que se realizavam conversões em grande número. Havia, muitas vezes, manifestações emocionais; estas espantaram os presbiterianos, mas Bispo Asbury via nos acampamentos "o tempo de safra" dos Metodistas. VEJA TAMBÉM: O Metodismo Americano e um Escravidão
O Metodismo na Inglaterra no tempo de Wesley
A famosa experiência de João Wesley numa reunião à Rua Aldersgate, em Londres, a exemplo de Martinho Lutero, na torre de Wittenberg, marcou o clímax de uma longa busca de um relacionamento satisfatório com Deus em Cristo. Qual é o sentido desse evento? Pela descrição do próprio Wesley, os metodistas têm, tradicionalmente, enfatizado o "coração aquecido". E certamente a emoção faz parte da experiência; afinal, o ser humano não é só cérebro, mas os sentimentos e emoções lhe são molas de ação. Mas uma das coisas mais importantes da descrição do próprio Wesley sobre "Aldersgate" é que houve uma íntima ligação entre a experiência religiosa e a sua doutrina. Uma outra maneira de dizer a mesma coisa seria dizer que a compreensão doutrinária de Wesley (muito embora profundamente fundamentada na Palavra de Deus) surgiu de sua experiência. Teologia, em Wesley, não é algo distante, especulativo, divorciado da vida; pelo contrário, ela nasce da vida religiosa, ou seja, da experiência da salvação. Por isso vale a pena estudarmos o registro de Wesley sobre o que aconteceu no dia 24 de maio. Podemos fazer isso em poucas linhas, mas cada uma poderia fornecer matéria para uma boa discussão.
(1) A experiência de Wesley nasceu da Palavra de Deus. Alguém lia do Prefácio de Lutero à Epístola aos Romanos. Foi no momento que Wesley ouviu da "mudança que Deus opera no coração pela fé em Cristo" que ele experimentou a fé! Confirmou o que Paulo dissera que "a fé é pelo ouvir e o ouvir pela palavra de Deus" (Rm. 10.17).
(2) A experiência foi fundamentalmente do Dom da fé. Mas Wesley aprendeu, com Lutero, de que consiste a verdadeira fé - é confiança (não crença). "Senti que confiava em Cristo, Cristo tão somente para minha salvação...". Fé, então, é confiar a vida nas mãos de Cristo, estabelecer aquele relacionamento pelo qual Cristo se torna Senhor e Salvador pessoal.
(3) Com o ato de confiar sua vida a Cristo, estabelecendo um novo relacionamento, Wesley foi perdoado, ou seja, percebeu que Cristo havia tirado seus pecados - não era apenas o cordeiro de
Deus, que tira pecado do mundo, mas o Salvador que tirava os pecados de João Wesley.
(4) Daquilo que Cristo lhe fizera, o Espírito Santo testificou, pois no mesmo momento "uma segurança" lhe foi dada de que Cristo havia tirado seus pecados e o havia salvado "da lei do pecado e da morte".
(5) Só? Não, há mais! Wesley diz que começou a orar pelos inimigos e perseguidores! Sem mencionar o Novo Nascimento, Wesley demonstrava nesta nova capacidade de perdoar que Deus não havia apenas lhe perdoado, mas também transformado o seu íntimo. Como os metodistas cantam: "Tu não somente perdoas, purificas também, ó Jesus".Concluímos, então, que uma das principais características do metodismo wesleyano era, ao invés de teologia especulativa, uma íntima conexão entre a doutrina e a experiência. Evangelização
Devemos lembrar que não foi apenas João Wesley que teve uma experiência religiosa transformadora em maio de 1738; Carlos, irmão de João Wesley, também, no domingo anterior, recebera o dom da fé. Carlos traduziu sua experiência, que ocorrera no Domingo de Pentecostes, num hino que lembra as línguas de fogo do primeiro Pentecostes - "Mil línguas eu quisera ter". em certo sentido, enquanto João viajava por toda a parte proclamando através da pregação as boas novas de vida nova em Cristo Jesus, Carlos, através de 6.500 hinos de sua autoria também evangelizava. Há certas características da evangelização wesleyana que deviam ser notadas: Primeiro, o século XVIII presenciou o nascimento de uma nova classe social, a dos operários.
Os primeiros representantes dessa nova classe eram mineiros. Oprimidos pelas longas horas de trabalho árduo e baixo salário, os mineiros não eram levados em conta pela igreja oficial, e poucos deles procuravam a mesma. Foi aos mineiros de Kingswood e Bristol que os metodistas primeiro foram para lhes oferecer vida em Cristo! Mais tarde, com o crescimento das fábricas, os operários e operárias seriam objeto da mensagem metodista e fariam parte integrante da sociedade e partes metodistas. Muito antes da igreja anglicana tomar consciência da própria existência dessa nova classe, os metodistas já lhes ministrava.
A segunda coisa a notar é que havia necessidade de descobrirem-se novos métodos e agências para atender a essa nova situação. A pregação ao ar livre provou ser o meio para atingir essa nova classe. George Whitefield e Wesley pregavam aos mineiros ao saírem estes das minas, pois os mineiros não procuravam a igreja. Nas praças de Londres, Bristol e Newcastle, os metodistas ofereciam Cristo ao público atônito com essa inovação! Mais se a pregação ao ar livre provou ser o instrumento, os agentes, muito mais do que ministros ordenados, passaram a ser os pregadores leigos (pregadores sem formação teológica). Desde a pregação do jovem Tomas Maxfield, que trabalhava com Wesley como "filho no evangelho" no seu centro em Londres (a
"Fundição") e que Suzana Wesley considerava tão vocacionado como seu próprio filho João! - pessoas com graça (experiência pessoal de fé), "dons" (capacidade para proclamar claramente as boas novas) e "frutos" (resultados positivos da sua pregação em termos de despertamento e conversão) e que se dispunham a trabalhar nos lugares onde Wesley indicava, mais que se comprometiam a ler pelo menos 6 horas por dia, militavam como profetas (proclamadores) sob a orientação de João Wesley. A terceira coisa a ser notada nesta evangelização metodista é sua estreita ligação com o serviço ao povo e ação social. Talvez baste lembrarmos que a última carta que o velho Wesley escreveu foi endereçada a William Wilberforce, encorajando na sua luta no parlamento inglês contra escravidão. A terceira chave: O povo. Wesley nunca teve a intenção de que o metodismo passasse a ser uma nova igreja, ele pretendia que fosse um movimento em sua amada igreja anglicana (da qual nunca saiu) para seu despertamento e capacitação para o exercício da missão de Deus. A preocupação de Wesley era o POVO. Ele dizia que seus seguidores eram "o povo chamado Metodista". Já vimos acima que deste povo Wesley conseguiu seus pregadores e pregadoras - pois Wesley permitia que mulheres como Mary Bosanquet pregasse. De Mary, Wesley dizia que sua palavra era tudo "luz e fogo". Assim Wesley descobriu um modo fácil de expressar a doutrina de Lutero, o "Sacerdócio Universal do Crente". Mas a ênfase do povo não pára com a pregação de leigos, por mais importante que fosse: o Metodismo via sua missão como uma realizada pelo povo e em prol do povo. É por isso que nos principais centros do metodismo wesleyano surgiu escolas, orfanatos, ambulatórios, fundos de empréstimo, centro de artesanato etc.. foi por isso que Wesley e os Metodistas lutavam contra a escravidão que degradava e explorava o povo africano. Foi para poder servir o povo que o próprio Wesley procurava ganhar todo dinheiro possível e economizar o máximo - não para ficar rico, mais para ter recursos para "dar tudo possível". Por isso, já nos seus dias de professor em Oxford, ele havia economizado dinheiro que normalmente teria gasto com carvão para sua lareira. Ele agüentava o frio dos invernos ingleses para ter dinheiro para pagar uma professora de uma classe de moleques pobres da cidade de Oxford. A Quarta chave é a ênfase na Santificação / Perfeição. Para Wesley, a santificação é um processo de crescimento em graça que começa no momento que, pela fé, Deus perdoa o pecador arrependido e inicia o processo da sua transformação íntima. A perfeição é um Dom de Deus pelo qual aperfeiçoa sua obra no crente, enchendo-o de amor para com Deus e o próximo. A chave para entendermos a perfeição é o AMOR. Wesley tinha muitos sinônimos para a perfeição, sinônimos estes que não inventou mas achou na palavra de Deus. Perfeição é pureza de coração, é imitação de Cristo, é comunhão ininterrupta com Deus
e com seus propósitos, mas mais do que qualquer outra coisa, é o Amor. O estudo do livro aos Hebreus o convenceu da absoluta necessidade de santidade na vida do discípulo de Jesus. Carlos Wesley ensinou aos metodistas a doutrina através dos seus hinos, poucos dos quais chegaram até nós. Talvez a mais clara expressão da doutrina se encontra no seu hino "amor divino que excede todos os amores" ("grande amor", nº 293 no HE). "Ó Senhor, que a tudo excedes, Dom celeste, Amor sem par,Vem, coroa os teus favores, Entre em nós vem habitar.Grande Amor, Amor bendito, Ó divina compaixão,Vem, socorre ao que padece, Faze nele habitação" Para Wesley, a primeira epístola de João é a melhor do comentário sobre a perfeição cristã. Nesta epístola, a ligação entre o amor e a vida cristã é patente. "aquele que diz que está na luz mas odeia seu irmão ainda está nas trevas até agora" (2.9). O mesmo autor adverte: "filhinhos, não amemos de palavras nem de língua mas por ações e em verdade" (3.18), o que muito nos lembra de Tiago que questiona a fé daquele que nada faz em prol do irmão sem roupa nem alimento (2.14-15).
Uma Quinta chave é a ênfase missionária do Metodismo Wesleyano Os metodistas definiram sua razão de existência em termos de "Reformar a nação, particularmente a igreja, e espalhar Santidade Bíblica em toda nação". Acabamos de ver de como serviam impulsionados a levar as boas novas aos operários e aos pobres, geralmente negligenciados pela igreja oficial. Mas havia também algo dentro do metodismo que o fez vencer as barreiras dos mares, pois logo ele é levado espontaneamente, para a Irlanda, Escócia, as Ilhas do Canal, para o continente europeu e para o Novo Mundo - para Antigua no Caribe, para as Colônias que viriam a ser os EUA, para Terra Nova, parte do atual Canadá. Aliás, uma igreja que não é missionária é ou morta ou moribunda.
Fonte: Momentos Decisivos do Metodismo Prof. Duncan Alexander Reily - Imprensa Metodista
INÍCIO DO METODISMO NA INGLATERRA
Movido pela paixão da fé salvadora, o Movimento Metodista, declina a princípio ligado à Igreja Anglicana. Seu crescimento foi rápido. Várias pessoas se juntavam aos “metodistas” a cada dia para experimentarem a alegria da fé e da confiança em Deus. Isso me faz recordar o início do cristianismo (atos 2.42-47).
VEJA TAMBÉM:
O Metodismo na Inglaterra no tempo de Wesley